18/05/2018 as 10:53
João Machado Rollemberg Mendonça Engenheiro Civil
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Julgo meu dever como Presidente da Comissão de Construção do Hotel Palace de Aracaju, constituída pelo Governo do Estado de Sergipe saudoso Governador Luiz Garcia, aviventar a memória dos sergipanos, sobretudo os mais jovens, sobre a importância deste empreendimento, que muito contribuiu para o desenvolvimento do Estado de Sergipe.
1. A construção é sólida, foi executada em 1960, cumprindo as exigências das Normas Técnicas, em vigor. As fundações são em estacas Strauss moldadas “in loco”, onde cada furo é uma sondagem, e, foi executada pela firma Estaqueamento Paulista S.A., especialista em fundações.
Havia controle e análise de todos os materiais usados no concreto, cimento, ferro, a areia, com análises realizadas pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia de Sergipe. A toda concretagem, era rompido um corpo de prova, da fundação à última laje, e até prova de carga de blocos de fundação foram executados por firmas especializadas.
2. A obra foi realizada com a modesta estrutura do departamento de Obras do Estado de Sergipe e pela Comissão presidida pelo engenheiro João Machado Rollemberg Mendonça então Secretário de Obras, com a participação do Engenheiro José Augusto Machado de Almeida, Diretor de Obras, Valter Oliveira, engenheiro do DER, e contador Pedro Rabelo do tesouro do Estado de Sergipe.
3. O Estado não dispunha na época de recursos necessários à execução da obra. Como possível fazer um empreendimento desse porte? Fizemos uma incorporação vendendo em planta, lojas para comércio, banco e consultórios médicos, dentários, escritórios representações. Foram todas vendidas.
A venda contribuiu em 70% dos recursos aplicados no total da obra. Não houve verbas federais, éramos oposição ao Governo Central, não houve empréstimos, não existia o fundo de participação e foi totalmente paga durante a execução.
4. Com a descoberta do campo de Petróleo de Carmópolis, técnicos engenheiros, empresários, construtores passaram a ter um Hotel confortável e moderno, tendo, portanto, o empreendimento participado e contribuído ao desenvolvimento do Estado de Sergipe. O Hotel foi explorado pelo grupo Lasar de Fortaleza, ganhador da Concorrência Pública, com edital publicado nos mais importantes jornais do Rio de Janeiro e São Paulo.
Lá se realizaram importantes encontros comerciais e sociais. Lá se hospedaram todos os artistas que vinham à Sergipe, empresários, autoridades, Clubes esportivos, Governadores e Ministros.
O Grupo Lasar, encerrou suas atividades pela concorrência de outros hotéis: Grande Hotel, Hotel Serigy e outros construídos no Bairro Atalaia.
Não houve mais conservação.
As obras públicas e privadas exigem do seu dono, conservação, pintura, manutenção. Até o mais humilde cidadão sabe disso. O que praticamente não houve por quase 30 anos. Parabenizo o Poder Judiciário e Promotoria Pública pelas decisões tomadas.
O Hotel é sólido e estável, merece atenções, manutenções e recuperação das patologias existentes, podendo ser adaptado e adequado a outro uso. Lembraria a Universidade Federal de Sergipe ou outras entidades que a inteligência dos Governantes pode e deverá descobrir.
Há também que se considerar a importância das lojas ali implantadas, que vem prestando bons serviços ao comércio de Aracaju, cujos donos vitoriosos, que confiaram no investimento, não poderão ser prejudicados. Com todo o respeito.