20/08/2018 as 07:35

Artigos

EDITORIAL: Quando a negligência mata

A vacina é a forma mais eficaz de inibir o reaparecimento de doenças que já eram consideradas eliminadas no país.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Impressiona e preocupa o desinteresse do brasileiro com a vacinação, apesar dos números preocupantes de doenças que estavam sobre controle e retornaram, causando mortes. É por isso que o Ministério da Saúde continua buscando melhorar os baixíssimos índices de cobertura vacinal. Neste sábado, 18, os postos de saúde em todo o país abrem as portas no Dia D de Mobilização Nacional contra o sarampo e a poliomielite.


A meta do Governo Federal é imunizar 11,2 milhões de crianças e atingir o marco de 95% de cobertura vacinal nessa faixa etária, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Até a última terça-feira, 14, no entanto, 84% das crianças que integram o público-alvo ainda não haviam recebido as doses, um percentual preocupante.


Este ano, a vacinação será feita de forma indiscriminada, o que significa que mesmo as crianças que já estão com esquema vacinal completo devem ser levadas aos postos de saúde para receber mais um reforço. No caso da pólio, as que não tomaram nenhuma dose ao longo da vida vão receber a vacina injetável e as que já tomaram uma ou mais doses devem receber a oral.


Para o sarampo, todas as crianças com idade entre um ano e menores de cinco anos vão receber uma dose da Tríplice Viral, desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias. Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo – em Roraima e no Amazonas. Até a última terça-feira, foram confirmados 910 casos no Amazonas, onde 5.630 outros casos permanecem em investigação. Já em Roraima, são 296 casos confirmados e 101 em investigação.


Há ainda, de acordo com o Ministério da Saúde, casos isolados e relacionados à importação nos seguintes Estados: São Paulo (um), Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13), Rondônia (um) e Pará (dois). Até o momento, foram confirmadas no Brasil seis mortes por sarampo, sendo quatro em Roraima (três em estrangeiros e um em brasileiro) e dois no Amazonas (brasileiros).


A baixa cobertura preocupa as autoridades, que não entendem essa omissão com o calendário de vacinas. Depois de quase dez dias do início da campanha de vacinação, 84% das crianças ainda não foram vacinadas contra pólio e sarampo. O volume representa pouco mais de 16% do público-alvo da campanha de imunização contra as duas doenças.


A vacina é a forma mais eficaz de inibir o reaparecimento de doenças que já eram consideradas eliminadas no país. Para garantir a cobertura total contra o sarampo, mesmo as crianças de até cinco anos que já tomaram alguma dose das vacinas poderão ser imunizadas com a vacina tríplice viral. Que cada um cumpra sua parte!