10/09/2018 as 07:33

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EDITORIAL: Tudo começa pela educação

A remuneração e a especialização de professores são pontos que precisam entrar nesse debate.

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Os pais de alunos da rede pública de ensino devem ficar atentos aos candidatos à presidente da República, e aos postulantes aos governos estaduais, para as promessas dirigidas à educação. O que prometem? As promessas estão dentro da realidade, podem ser cumpridas? O seu candidato domina os números e estatísticas da área de ensino?


Esses números são o grande desafio do próximo presidente da República e dos governadores eleitos para impulsionar a educação no país e em seus estados. Para assegurar a melhoria da qualidade, serão necessários investimentos em áreas distintas: garantir um ensino médio mais inclusivo e atrativo, ampliar o acesso e o financiamento ao ensino superior e melhorar a formação de docentes.


Na educação básica, atualmente 48,6 milhões de estudantes de quatro a 17 anos estão matriculados em 184,1 mil escolas públicas e privadas, mas cerca de 2,5 milhões não frequentam as salas de aula. Isso significa que as redes pública e privada atendem 96,4% das crianças e adolescentes brasileiros. Em 1970, esse índice era de 48%, o que mostra a evolução do acesso à educação nos últimos anos no Brasil. O nível de aprendizagem, porém, não acompanhou a universalização do acesso.


O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade da educação do país, que mede tanto a aprovação dos estudantes quanto o nível de aprendizagem dos estudantes em português e matemática, mostra que o país cumpre as metas estipuladas apenas até o 5º ano do ensino fundamental. No ensino médio a meta não é cumprida desde 2013.


Quando saem da escola, ao final do ensino médio, sete em cada dez estudantes não aprendem o básico em português. O mesmo número tem aprendizado insuficiente em matemática. Na outra ponta, apenas 4,5% dos estudantes alcançaram um nível de aprendizagem considerada adequada em matemática e 1,6% em língua portuguesa.


No ensino superior, o desafio ainda é a ampliação de matrículas. Pelo Plano Nacional de Educação (PNE), lei em vigor desde 2014, a taxa bruta de matrículas, ou seja, o número total de estudantes matriculados, independente da idade, dividido pela população de 18 a 24 anos, deve chegar a 50% até 2024 – atualmente é 34,6%.


Esse número tem caído nos últimos anos, tanto no setor público quanto no setor privado. Políticas como o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) reduziram o número de beneficiados.


Sem a ampliação do número de bolsas-permanência e outros auxílios – ofertados pelas instituições para estudantes de baixa renda –, muitos estudantes que precisariam dos recursos acabam abandonando os estudos. A remuneração e a especialização de professores são pontos que precisam entrar nesse debate. E o eleitor não pode deixar essa discussão se dar apenas no horário eleitoral.