20/09/2018 as 07:36

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EDITORIAL: Sobrevivendo das cinzas



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O mundo inteiro ficou comovido com o cenário de destruição que tomou conta do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Notícia em vários países, o incêndio mostrou a vulnerabilidade de nossos museus e nossa falta de compromisso com a memória do país. Há uma mobilização agora, fora do Brasil, para colaborar.


Um dos enormes prejuízos causados pelo incêndio no Museu Nacional foi a destruição do acervo da Biblioteca Francisca Keller (BFK), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Para reerguer a biblioteca, fundada há 50 anos, o programa iniciou uma campanha para receber doações de livros e publicações.


A biblioteca tinha 37 mil volumes e era considerada uma das mais importantes na área de ciências sociais no Brasil e na América Latina. Seu acervo era principalmente de obras contemporâneas e contava com títulos importantes para os pesquisadores do programa e de outras instituições de ensino.


O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social tem nota máxima (sete) na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e foi um dos mais afetados pelo incêndio no Museu Nacional. Grande parte de seu acervo sobre etnias indígenas, por exemplo, foi consumido pelo fogo.


Integrantes da missão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) visitaram o Museu Nacional e avaliaram ações emergenciais necessárias para resgatar peças que estão nos escombros e para resguardar o acervo que tenha sobrevivido ao incêndio de grandes proporções que tomou conta do edifício no dia 2 de setembro.


O diretor do Museu Nacional, o paleontólogo Alexander Kellner, explicou que, antes da visita ao edifício incendiado, ocorreu uma primeira reunião de orientação geral entre a missão da Unesco e a diretoria da instituição. Algumas medidas concretas já foram discutidas.


Os trabalhos mais intensivos de busca do acervo sob os escombros só poderão ocorrer depois que o prédio oferecer segurança. A missão da Unesco reconheceu a dificuldade de se garantir essa segurança com rapidez. Há preocupações com a estrutura e a cobertura e existem riscos de desabamento de partes do edifício.


A França também pretende ajudar. O governo francês enviará quatro especialistas na área de museus ao Rio de Janeiro, para apoiar o governo brasileiro na estruturação de ações de salvaguarda do Museu Nacional e seu acervo, segundo o Ministério da Educação (MEC). A rede de especialistas que pode ajudar o Brasil nesse processo, a médio e longo prazo, será disponibilizada.


Outro país que se ofereceu para ajudar é a Espanha. O governo espanhol irá ajudar o Brasil na recomposição do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. A Espanha tem documentos históricos que estão em seus museus, e até fora de exposição, que devem ser relevantes ao Brasil.


O Museu Nacional vai aos poucos se recompondo das cinzas. As pesquisas continuam, as aulas prosseguem, o museu busca se adequar a toda essa situação lamentável. Uma campanha com o slogan Museu Nacional Vive foi desencadeada nos últimos dias com adesivos e com interações nas redes sociais.


O Museu Nacional vive.