21/09/2018 as 09:26

EDITORIAL: Cordel é Patrimônio Cultural

A decisão foi tomada por unanimidade pelo conselho consultivo, que se reúne no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.

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Demorou, mas o reconhecimento veio. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu a Literatura de Cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. A decisão foi tomada por unanimidade pelo conselho consultivo, que se reúne no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. 

Poetas, declamadores, editores, ilustradores, desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores e folheteiros, como são conhecidos os vendedores de livros, já podem comemorar, pois agora a Literatura de Cordel é Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, anuncia o Iphan. 


O gênero literário é ofício e meio de sobrevivência para inúmeros cidadãos brasileiros. Segundo o instituto, apesar de ter começado no Norte e no Nordeste do país, o cordel hoje é disseminado por todo o Brasil, principalmente por causa do processo de migração de populações. 
O cordel foi inserido na cultura brasileira ao final do Século XIX. O gênero resultou da conexão entre as tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e carrega vínculos com as culturas africana, indígena e europeia e árabe.

Tem ligação com as narrativas orais, como contos e histórias; à poesia cantada e declamada; e à adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses. 


Originalmente, a expressão Literatura de Cordel não se refere em um sentido estrito a um gênero literário específico, mas ao modo como os livros eram expostos ao público, pendurados em barbantes, em uma espécie de varal. 


De acordo com o Iphan, os poetas brasileiros no Século XIX conectaram todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil.


Em Sergipe, como na maioria dos Estados do Nordeste, a Literatura de Cordel é reverenciada. No mercado de Aracaju o cordel é mantido vivo com uma banca onde se pode encontrar títulos conhecidos como “Tubiba o Desordeiro”, um clássico, “Carta de Satanás a Roberto Carlos” e “Quero que vá tudo pro inferno”, “A chegada de Lampião no Inferno”, “O Romance do Pavão Mysteriozo”, que inspiraria o compositor e cantor cearense Ednardo a fazer a música “Pavão Misteryozo”, tema da novela global “Saramandaia” e “Peleja de Manoel Riachão com o Diabo”.
A Literatura de Cordel é a visão do homem do povo sobre os fatos que marcam a sociedade, a interpretação histórica do fato, narrado numa linguagem popular.
E viva o Cordel Brasileiro.