04/10/2018 as 07:49

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EDITORIAL: O sarampo de volta, e forte

Conforme informações divulgadas ontem pelo Governo Federal, até o dia 1º de outubro 1.935 casos de sarampo foram confirmados no Brasil.

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Enquanto os candidatos a cargos eletivos se expõem na mídia pedindo votos e acusando uns aos outros de prática de atos ilegais ou imorais e não discutem temas como a saúde do brasileiro, o sarampo se espalha pelo país e pode gerar um quadro ainda mais grave.


Conforme informações divulgadas ontem pelo Governo Federal, até o dia 1º de outubro 1.935 casos de sarampo foram confirmados no Brasil – sendo 1.525 no Amazonas e 330 em Roraima. O Amazonas contabiliza ainda 7.873 casos em investigação e Roraima 101. Casos isolados foram registrados em São Paulo (três), no Rio de Janeiro (18), Rio Grande do Sul (33), em Rondônia (três), Pernambuco (quatro), no Pará (14), Distrito Federal (um) e em Sergipe (quatro).


Ainda de acordo com a pasta, dez mortes por sarampo foram confirmadas, sendo quatro em Roraima (três estrangeiros e um brasileiro), quatro no Amazonas (todos brasileiros, sendo duas em Manaus e duas no Município de Autazes) e duas no Pará (indígena e venezuelano).


No balanço divulgado pelo ministério aponta que 97,7% das crianças com idade entre um ano e menores de cinco anos foram vacinadas contra o sarampo, enquanto 97,9% receberam a dose contra a poliomielite. Até o momento, 15 estados atingiram a metade da cobertura para as duas vacinas.


O Brasil tem até fevereiro de 2019 para reverter os surtos de sarampo registrados em diversas áreas do país – sob pena de perder o certificado de eliminação da doença, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2016. O alerta foi feito pela assessora regional de Imunizações da entidade, Lúcia Helena de Oliveira, durante a 20ª Jornada Nacional de Imunizações, no Rio de Janeiro.


O critério adotado pela entidade para conferir transmissão sustentada é que o surto se mantenha por um período superior a 12 meses. As autoridades sanitárias brasileiras, portanto, correm contra o tempo, já que os primeiros casos da doença no Norte do país foram identificados no início do ano.


A assessoria da Opas informou saber que os casos no Brasil são de importação, lamentavelmente, pelas condições de saúde em que vive a Venezuela. Mas só estão ocorrendo de sarampo no Brasil porque o país não tinha cobertura de vacinação adequada. Se tivéssemos, esses casos viriam até aqui e não produziriam nenhum tipo de surto. Em outras palavras, o brasileiro só fecha a porta depois de roubado, melhor dizendo, depois de atingido.