18/10/2018 as 07:44

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Um festival de baixarias



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Os brasileiros que ainda têm um pouco de decência e equilíbrio assistem assustados os rumos da campanha eleitoral neste segundo turno. O intenso uso de informações falsas para beneficiar candidato já ultrapassou o limite do suportável.


As redes sociais são usadas como instrumentos do mal por pessoas malandramente desequilibradas para denegrir imagens de candidatos e/ou de seus aliados no afã de conquistar votos e impedir o crescimento político eleitoral de opositores.


No Brasil, um país formado por um povo sem tradição de leitura e que absorve tudo o que vê ou ouve, principalmente fofocas e boatos, era de se esperar que a internet gerasse redres sociais preocupadas com informações de qualidade. Mas não é isso que acontece.


Nesta campanha eleitoral, as centrais de boatos e fofocas estão nos comitês dos candidatos e muita coisa sai das mentes criativas de marqueteiros. Há uma agressividade estúpida, com o objetivo de desmoralizar uns aos outros. Temos, é verdade, um festival de baixarias.


Ontem, por exemplo, o candidato Fernando Haddad, que disputa a Presidência da República pelo PT, comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que ordenou a remoção de seis postagens de Bolsonaro no YouTube e no Facebook que criticam o livro Aparelho Sexual e Cia. e dizem que a obra foi distribuída a escolas públicas no período em que candidato do PT, Fernando Haddad, comandava o Ministério da Educação.


Apesar do atraso, o tribunal eleitoral tirou do ar o vídeo em que o Bolsonaro acusa Haddad de distribuir material impróprio para crianças de seis anos. É uma luta de anos que foi vencida ontem. A fake news foi amplamente difundida, especialmente entre grupos religiosos. Houve intensa propagação da mentira.


Nos vídeos, Bolsonaro afirma que o livro integra o programa Escola sem Homofobia e estimula as crianças a se interessarem por sexo precocemente, sendo “uma porta aberta para a pedofilia” e “uma coletânea de absurdos”. Por mais de uma vez, no entanto, o Ministério da Educação negou a aquisição dos exemplares e a implementação de tal programa, chamado de “kit gay” por Bolsonaro.


A difusão da informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor, conforme destacou o ministro do TSE, Carlos Horbach na decisão que determinou a remoção do conteúdo.


No pedido ao TSE, os advogados do PT chamaram os vídeos de “grave mentira” e afirmaram que o episódio ocorre desde 2016, a partir de uma publicação no Facebook. Trata-se de uma grave acusação e uma mentira deslavada usada agora para atingir Haddad, que busca se explicar por algo de ruim que não fez.


As redes de fofocas e baixarias abusam. É preciso punir.
(Com dados da Agência Brasil)

Paulo Maurício Santana/professor de ensino médio em Aracaju