22/10/2018 as 08:49

Artigos

EDITORIAL: Tsunami cibernético

A Justiça Eleitoral precisa se posicionar e dar fim a esses esquemas de baixarias, de falações agressivas.

COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Às vésperas do segundo turno das eleições, as atenções das equipes dos dois candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), estão voltadas para a troca de acusações e disseminação de fake news em redes sociais e aplicativos. Há motivos para preocupações. As centrais de propagações de boatos sobre os candidatos estão excessivamente ativas e dispostas a se manterem assim até o final do pleito, pelo menos.


Ontem, Haddad definiu como “tsunami cibernético” a avalanche de denúncias a respeito do assunto, inclusive sobre a suposta existência de um grupo de empresários que financiou a divulgação de informações falsas anti-PT. O candidato chamou a Justiça de “analógica”. Ele tem sido muito atingido.


Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo Rio de Janeiro e filho do candidato à Presidência pelo PSL, postou no Twitter por volta das 12h que o WhatsApp chegou a bloqueá-lo da rede. Ele afirmou que a perseguição não tem limites! O seu WhatsApp, com milhares de grupos, teria sido banido sem nenhuma explicação! Exijo uma resposta oficial da plataforma”, disse. No início da tarde, ele postou mensagem para explicar que o bloqueio havia ocorrido há dias e que seu número pessoal já havia sido desbloqueado.


O tema fake news entraria em pauta em uma entrevista coletiva marcada para a tarde. Por conta de incompatibilidade de agenda, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adiou para domingo, 21, às 14h. Está previsto o anúncio de medidas de combate à disseminação de notícias falsas (fake news) nas redes sociais. É bom que a Justiça Eleitoral se posicione e puna os envolvidos nesse jogo sujo.


A coletiva foi anunciada após o TSE receber cobranças sobre as medidas efetivas para impedir candidatos e partidos de compartilhar conteúdo falso durante a campanha eleitoral.


Deverão participar da coletiva prevista no próximo domingo a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, os ministros Raul Jungmann, da Segurança Pública, e Sérgio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro.


Por causa de fake news, a coligação que sustenta a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República e o Psol entraram com pedidos no TSE para declarar Bolsonaro inelegível por oito anos, em razão das suspeitas de uso de sistemas de envio de mensagens em massa na plataforma WhatsApp custeados por empresas de apoiadores do candidato.


Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou que não tem controle sobre apoios voluntários e que o PT não está sendo prejudicado por fake news, e sim pela “verdade”.
Seja como for, a Justiça Eleitoral precisa se posicionar e dar fim a esses esquemas de baixarias, de falações agressivas. Haddad e Bolsonaro devem conter seus apoiadores.