16/07/2019 as 07:50

ARTIGOS

EDITORIAL: Reforma política

O Brasil não tem um sistema político e isso é difícil de conceber tal a fragmentação partidária.

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Assim que for encerrado o processo de tramitação da reforma da Previdência, o próximo passo do Congresso deve ser o encaminhamento de uma reforma política. Quem anda defendendo essa proposta é o vice-presidente, Hamilton Mourão, para quem o Brasil não tem um sistema político e isso é difícil de conceber tal a fragmentação partidária.


Mourão tem bons motivos para defender essa iniciativa. Ele destacou ontem que “hoje, lá dentro do Congresso, na Câmara dos Deputados, temos 26 partidos representados, apenas dois partidos têm mais de 50 deputados, em torno de sete têm entre 30 e 40 e o restante são partidos com dez ou oito deputados. Então, é extremamente fragmentado o nosso Congresso, não é fácil lidar com isso aí”.


O vice-presidente argumenta ainda, na defesa da reforma política, que os partidos deixaram de representar o pensamento da sociedade como um todo. Acha que todos aqui entendem perfeitamente que o ideal é que tivéssemos cinco partidos, quando muito sete, que representassem as diferentes espécies de pensamento que temos dentro da nossa sociedade.


Hamilton Mourão foi mais longe em sua falação na abertura do II Rio Money Forum, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), e defendeu o sistema político com voto distrital, que seria também uma forma de baratear as eleições.


Há várias opções sempre sendo comentadas pelos políticos, quando falam em reforma. Tem partidos e parlamentares defendendo o parlamentarismo, o presidencialismo de coalizão (Executivo e Congresso dividindo poderes), o presidencialismo puro e até mesmo a volta da monarquia.


Mas vale lembrar que o Brasil precisa de mais urgência para resolver problemas como a fragmentação e polarização política, o desequilíbrio fiscal, desemprego, desalento, desigualdade crescente e produtividade estagnada, como bem disse o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Buscar soluções para esses problemas deve interessar mais aos brasileiros.