18/07/2019 as 08:03

ARTIGOS

EDITORIAL: Números assustadores

A falta de programas prioritários para prevenir a doença, o descaso dos governos, fez a Aids tomar proporções alarmantes.

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Os números da Aids, no mundo, assustam. Segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), cerca de 1,7 milhão de pessoas em todo o mundo foram infectadas pelo vírus em 2018 – uma redução de 16% em relação a 2010. O documento “Atualização Global sobre a Aids – Comunidades no centro” revela que a queda foi impulsionada principalmente por progressos no leste e no sul da África.


A falta de programas prioritários para prevenir a doença, o descaso dos governos, fez a Aids tomar proporções alarmantes. O estudo da Unaids alerta, entretanto, que, enquanto alguns países têm avanços acentuados, outros observam o aumento de novas infecções pelo vírus e de mortes relacionadas à Aids. O relatório aponta ainda uma desaceleração na redução de novas infecções por HIV.


A epidemia do HIV pôs em foco muitas falhas da sociedade. Onde há desigualdades, desequilíbrios de poder, violência, marginalização, tabus, estigma e discriminação, o HIV toma conta. Em alguns países a doença é tratada com atenção, com programas de saúde eficientes, a exemplo do Brasil, mas na maioria há descaso.


O panorama da epidemia no mundo está mudando: em 2018, mais da metade de todas as novas infecções por HIV foram em pessoas que integram as chamadas populações-chave, que incluem profissionais do sexo, pessoas que usam drogas, homens gays, homens que fazem sexo com homens, transexuais e presidiários – e seus parceiros.


Globalmente, as novas infecções por HIV entre mulheres jovens (com idade entre 15 e 24 anos) caíram 25% entre 2010 e 2018. Esta é uma boa notícia, mas, é claro, continua a ser inaceitável que seis mil meninas adolescentes e mulheres jovens sejam infectadas pelo HIV toda semana.


O estudo inclui avanços para que se tenha, até 2020, 90% das pessoas com HIV devidamente diagnosticadas, 90% delas realizando tratamento com antirretrovirais e, deste grupo, 90% com carga viral indetectável. No primeiro indicador, Brasil, Cabo Verde e Portugal cumpriram ou estão a caminho de cumprir a meta. Os dois últimos países também estão em vias de alcançar o segundo indicador.


O Brasil é citado como o único país em vias de cumprir o objetivo de alcançar 90% de pessoas com carga viral indetectável, o que indica sucesso do método terapêutico aplicado no país. Em Sergipe, a atenção com a Aids já chamou a atenção até fora do Brasil.


O documento mostra que as populações-chave e seus parceiros sexuais representam atualmente 54% das novas infecções pelo HIV no mundo. Em 2018, o grupo respondia por 95% delas, enquanto as regiões que precisavam de maior atenção eram Europa Oriental e Central, Oriente Médio e Norte da África.


É preciso que haja atenção contra a Aids em todo o mundo. Que cada um faça sua parte.