24/07/2019 as 07:56

ARTIGOS

EDITORIAL: País precisa crescer

A indústria brasileira, por exemplo, está em apuros, precisa de medidas para retomar sua capacidade.

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A aprovação parcial da reforma da Previdência é um alento para o país que enfrenta uma grave recessão econômica. A notícia da liberação de valores de contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) também provoca esperanças de estímulo aos setores produtivos. A indústria brasileira, por exemplo, está em apuros, precisa de medidas para retomar sua capacidade.


Em junho, a falta de demanda interna voltou a ganhar importância entre os principais problemas enfrentados pela indústria. O percentual de empresários que assinalam essa dificuldade é o maior desde o terceiro trimestre de 2016. Nos últimos seis meses, esse índice aumentou dez pontos percentuais, chegando a 41,1% dos entrevistados, em junho. Os dados são da Sondagem Industrial.


A produção industrial em junho caiu na comparação com maio. O índice de evolução da produção ficou em 43,4 pontos, abaixo da linha divisória. O índice costuma ficar abaixo dos 50 pontos no mês, o que significa que a queda na produção é esperada entre maio e junho. O índice de junho de 2019 é o menor para o mês dos últimos quatro anos, superando somente os registrados durante a fase mais aguda da crise econômica brasileira, entre 2014 e 2015.


Os números negativos não param. Outra queda mais intensa também foi verificada no índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual, que caiu 3,9 pontos no mês e foi ao menor valor desde abril de 2017 – com exceção de maio de 2018, mês da paralisação dos caminhoneiros, que afetou fortemente o setor.


As soluções demoram a aparecer e a indústria aponta alta no nível de estoques. O índice de evolução dos estoques ficou em 51,1 pontos, mostrando novo aumento dos estoques de produtos vendidos pela indústria. Esse índice se mantém acima dos 50 pontos desde fevereiro. Valores acima de 50 pontos indicam crescimento do nível de estoques ou estoque efetivo acima do planejado.


O desempenho do setor é preocupante. As condições financeiras da indústria no trimestre encerrado em junho não apresentaram grandes mudanças frente ao primeiro trimestre do ano. A Sondagem Industrial de junho confirma que a elevada carga tributária continua sendo apontada pelo setor como o principal problema enfrentado pelas empresas, ainda que seu indicador tenha caído em 1,2 ponto percentual.


Em segundo lugar aparece a demanda interna insuficiente, cuja assinalação aumentou 3,6 pontos percentuais na comparação com o primeiro trimestre do ano. Trata-se do quarto aumento consecutivo do percentual. Em terceiro lugar no ranking de principais problemas está a falta ou alto custo de matéria-prima, mas o problema vem perdendo importância, já que sua menção, pelos empresários, caiu nos últimos três trimestres, passando de 27,9% no terceiro trimestre de 2018, para 18,6%. Em quarto lugar está a competição desleal, que inclui práticas como contrabando, dumping, entre outros.


A indústria brasileira não pode esperar mais tempo por soluções duradouras e eficazes.