10/12/2019 as 11:37

EDITORIAL: Temos o que comemorar?

O crescimento no índice foi de 0,001 ponto em relação ao ano anterior.

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O Governo Federal anuncia com certa pompa que o Brasil passou da 78ª para a 79ª posição global no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ficando empatado com a Colômbia. Na América Latina, ocupa apenas a quarta posição, atrás do Chile, da Argentina e do Uruguai. O crescimento no índice foi de 0,001 ponto em relação ao ano anterior.

Os números estão no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2019, que mostra que o país teve sucesso no controle de certas desigualdades (expectativa de vida e renda média), mas será confrontado por novos desafios.

O Brasil continua a fazer progresso, apesar de a economia ter sido pior que o esperado. O estudo deste ano apresenta algumas novidades. Entre elas, mudanças na metodologia de avaliação da qualidade de vida dos cidadãos dos 189 países analisados. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento está apresentando novas ideias para [medir] o desenvolvimento. O IDH é calculado com base em três pilares considerados fundamentais pela Organização das Nações Unidas (ONU).


Considerado um país de alto desenvolvimento humano, o Brasil tem tido sucesso na melhora da expectativa de vida e no aumento da renda média per capita ao ano. O aumento do IDH tem sido constante nas últimas três décadas. De 1990 a 2018, o país cresceu 24%, número superior à média latina (de 21%) e à média global (de 22%). A expectativa de vida de um brasileiro ao nascer foi aumentada em 9,4 anos. Nesse mesmo período, a renda média da população cresceu 39,5%.


Mas nem todas as novidades do relatório são positivas. Segundo o PNUD, o acesso a estruturas de ciência, tecnologia e à inovação são novos focos de desigualdade social. A desigualdade de gênero também representa um obstáculo para as políticas públicas. O relatório cita ainda mudanças climáticas como possíveis causas de desigualdades sociais.


Há espaço para um crescimento significativo do Brasil. Mas ainda que o IDH dispare nos próximos anos, possivelmente não teremos resolvido as desigualdades arraigadas. O Brasil já é bem classificado e pode caminhar para um outro nível. Mas resolvemos o problema? Não.


A realidade do Brasil está distante da categoria de países que tem o IDH exemplar. Eles são considerados países de desenvolvimento humano muito alto, de acordo com o caderno. O Brasil é citado no estudo como o país que mais perde posições no ranking, atrás apenas de Camarões.


O país precisa melhorar a educação e impulsionar a economia, estagnada. Sem investir em educação nunca quitaremos essa dívida com a população pobre.