28/04/2020 as 15:27
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Em tempos de isolamento, o que mais ouvimos de pais que precisam acompanhar as atividades escolares de seus filhos é:
“A professora do meu filho merece um prêmio”
“Nossa como é difícil”
“Não reclamo mais nunca do valor da mensalidade da escola”
“O professor é um santo”
Dentre muitos outros comentários nessa linha.
Na concepção de muitos, a Educação é uma profissão fácil de ser desenvolvida, principalmente quando se trata da Educação Infantil e Fundamental menor, por tratar-se de algo que requer ludicidade.
Junto a isso, as exigências diárias dos afazeres profissionais dos pais dos alunos, deságuam em um relaxamento no acompanhamento das atividades escolares e do desenvolvimento cognitivo de seus filhos, bem como o grau de evolução de sua aprendizagem, já que existe a necessidade de deixá-los na escola em horário integral, ou precisam matriculá-los em reforço escolar, em horário oposto ao da escola.
Entendendo essa necessidade do não acompanhamento do desenvolvimento durante a semana, os pais tendem a tentar suprir a ausência durante o final de semana dividindo o tempo entre laser e outros a fazeres, deixando um pouco sob responsabilidade da escola e/ou do reforço escolar o papel de ensinar, e porque não dizer “de educar”. Nesse cenário, algumas vezes verificamos certa transferência de responsabilidades quanto a Educação, e um abandono no acompanhamento do processo aprendizagem. Que “Ensinar é uma arte”, não temos dúvida, mas vivemos em uma era em que os professores, muito mais que passadores de conteúdos, tem realmente absorvido o papel de educar, de perceber as necessidades emocionais de seus alunos e o que impacta em seu desenvolvimento. Isso requer um olhar mais sensível e habilidades socioemocionais por parte dos professores, que precisam estar realmente preparados para contribuir com muita responsabilidade no desenvolvimento de seus alunos.
No Brasil, podemos considerar os professores como grandes guerreiros, pois enfrentam uma grande desvalorização quanto ao precioso trabalho que desenvolvem, além da desvalorização financeira e um desrespeito dentro da sala de aula quanto ao papel professor/líder.
Em meio à obrigatoriedade do isolamento, ocasionado pelo covid-19, percebemos que os pais têm valorizado um pouco mais o papel do professor e das escolas. Isso já é um grande passo.
Os professores exercem papel de agentes transformadores, e isso é algo que precisa ser observado com mais criticidade e valorização por parte do governo e das organizações educacionais.
Qualquer tentativa que seja desenvolvida para alavancar a educação será em vão sem a valorização do professor. E essa valorização não é somente financeira, ela precisa ter bases sólidas, onde o professor sinta confiança da sua importância perante a sociedade, com mais respeito frente à sala de aula, formação continuada e ter voz em ações que promovam a educação, pois essa forte atuação desses profissionais terá impacto dentro e fora da sala de aula.
Diante desta perspectiva, deve-se, antes de tudo, priorizar a motivação dos professores, levando-os a envolver-se com o processo educativo. Toda atividade desempenhada com comprometimento e satisfação, sem sombra de dúvidas terão efeitos positivos. Somente motivando os professores, extrairemos deles propostas inovadoras, com verdadeiro sentido, já que é ele o profissional que esta na ponta e poderá alavancar a mágica da Educação.
Que esse momento de isolamento, sirva não somente para que os pais valorizem o professores, mas que todo o sistema educacional tenha essa visão e busquem o que de melhor existe para investir nesses profissionais.
Dayse Xavier de Santana
Pedagoga Especialista
Consultora Educacional