10/09/2020 as 10:02

O amigo Luciano Barreto

Um artigo de Antônio Carlos Sobral Sousa, professor titular da UFS e membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação

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No mundo cada vez mais competitivo e turbulento em que vivemos, deparamo-nos com muitos conhecidos, mas, certamente, com poucos amigos. O sentimento da amizade é desprovido do interesse e transcende o relacionamento humano, envolvendo o sincero conhecimento mútuo com lealdade e altruísmo. Segundo o colega e confrade, Professor Marcos Almeida, em seu livro “Passaporte para a Antiguidade”, o primeiro registro mítico de uma verdadeira e longeva amizade remonta à Epopeia de Gilgamesh, narrativa épica, considerada a documentação literária mais antiga da humanidade, escrita pelos Sumérios, em torno de 2700 a.C., talvez, a primeira civilização
propriamente dita.

É, para mim, uma honra excelsa saudar o amigo Luciano no momento em que ele atinge, com plenitude, a oitava década de vida. Sua memória privilegiada e seus conhecimentos coligidos pelo trabalho contínuo e focado desde os tempos de faculdade, fizeram-no um profissional acatado entre os seus colegas e reconhecido pela sociedade. Dotado de inteligência invulgar, conseguiu, por seus méritos, fazer a sua empresa galgar
posição de destaque no cenário da construção civil nordestina.

De personalidade marcante, Luciano é uma pessoa comunicativa, que sabe fazer e cultivar amizades. Embora engenheiro, seu espírito vaga, com galhardia, por outros caminhos. É sempre um aprendizado vê-lo, como um hermeneuta, participar de qualquer discussão. Seus palpites políticos são sempre certeiros, o que lhe custa um ferrenho assédio em tempos de eleição. Seu raciocínio tem enorme agilidade e, por vezes, um tanto longe dos detalhes e das minúcias do assunto discutido, vence o antagonista mais pela rapidez com que elabora o argumento do que pela profundidade do assunto discutido. Assim, é um prazer ouvi-lo nas díspares reuniões.

É um homem emotivo e sentimental, não limitando o seu horizonte afetivo a si mesmo ou à sua família. Vai muito além, estendendo os seus serviços aos colegas menos favorecidos, os quais o têm como um verdadeiro ídolo. Todavia, são os seus amigos que mais usufruem dessas benesses. Quando algum adoece, ele não mede esforços para acompanhar o seu tratamento, ajudar no que for preciso, solidarizar-se com a família e, sobretudo, oferecer o seu peculiar otimismo mediante gestos e palavras que ajudam a mitigar o sofrimento. Conheço Luciano há mais de quatro décadas, todavia, foi no exercício da medicina que construímos uma ilibada amizade que vimos mantendo nos últimos 30 anos. Estão, pois, aí, as explicações do que me encontro aqui, galardoado por tanta confiança e resignado e ufano de me saber tão festejado por uma pessoa do melhor jaez. Finalizo, parafraseando Madre Tereza de Calcutá: “As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável”.

|Antônio Carlos Sobral Sousa - Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação