18/05/2018 as 07:59

Cidades

Em quatro meses, Sergipe soma mais de 400 homicídios

Se mantiver média, Estado deve fechar 2018 com aumento de mortes.

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Em quatro meses, Sergipe soma mais de 400 homicídiosFoto: Jadilson Simões/Equipe JC

“Foi sem abraço, foi sem me ligar, foi sem me chamar de Aninha... Sem saber que eu consegui realizar meu sonho de ser advogada”. Esse é o depoimento de Tatiane Carmo e foi publicado nas redes sociais no último dia 7, exatamente quando completou três anos da morte do seu pai, o senhor Edvaldo Alves do Carmo, de 89 anos, o “Seu Vavá do Algodão”.

Seu Vavá foi impiedosamente morto durante um assalto no Município de Aquidabã, quando deixava o seu estabelecimento e retornava para casa. Abordado por criminosos, ele foi obrigado a entregar o dinheiro e, mesmo assim, foi alvejado com quatro tiros.

A triste história de Seu Vavá endossa as estatísticas negativas relacionadas ao número de pessoas mortas em Sergipe nos últimos anos. E não foram poucas! De janeiro de 2010 até abril deste ano, 8.043 pessoas foram assassinadas das mais diversas formas e por diferentes motivos.

A evolução no número de mortes no Estado serviu, inclusive, para que Sergipe fosse reconhecido com um vergonhoso prêmio no ano de 2016: o de mais violento do Brasil, com a mácula de 57,3 mortes intencionais a cada grupo de 100 mil pessoas.

Dados fornecidos pela Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE) aponta para a crescente evolução no número de homicídios.

Em 2010 o Estado registrou 629 mortes. Já no ano seguinte, em 2011, foram 671 assassinatos. E a escala foi crescente até 2016, quando o número passou para mais que o dobro do registrado em 2010, com 1.306 mortes.

Ainda segundo o levantamento fornecido pela SSP, no ano passado Sergipe registrou queda de 14% no número de homicídios. Apesar disso, apenas nos quatro primeiros meses deste ano já foram assassinadas 438 pessoas no Estado. Se as estatísticas permanecerem desta forma, Sergipe deve ultrapassar os assassinatos de 2017.

Desses 438 casos, nove foram computados na modalidade de latrocínio, que é o roubo seguido de morte; dois casos de lesão corporal seguida de morte e 30 registros de pessoas mortas em confronto com a polícia.

Para o promotor de Justiça do 1º Tribunal do Júri, Djaniro Jonas, a ausência de políticas públicas pode ser o cerne do problema.

“Uma das causas que eu posso atribuir é o enfraquecimento de políticas públicas direcionadas à juventude. Podemos perceber que há um declínio das escolas na área da educação, as oportunidades de emprego, tudo isso tem levado os jovens a se dirigirem para a prática de crimes, além da questão das drogas e o acesso às armas”, afirma o promotor.

Recentemente, o governador Belivaldo Chagas anunciou um plano de segurança pública voltado para aumentar a sensação de segurança na sociedade, com ações que vão desde o aumento do efetivo de policiais no interior até a abertura de 11 delegacias plantonistas.

Apesar disso, esse plano foi bastante criticado pela categoria dos delegados de polícia, que acreditam faltar nele embasamentos técnicos e metas a serem alcançadas. Até 31 de dezembro de 2018 os números falarão sobre a eficácia do plano “Belivaldo Chagas”, como foi carinhosamente apelidado pelos delegados.

Por Diego Rios/Equipe JC