01/06/2018 as 11:14
EducaçãoCom 0.601, Estado fica atrás somente do vizinho Alagoas.
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Pedro Lucas dos Santos tem 21 anos e frequenta, no período noturno, uma escola da rede pública estadual que fica próximo à sua residência, no Bairro Japãozinho. Atualmente, ele está no nono ano e, segundo ele, tem dificuldade no aprendizado.
Essa até poderia ser uma história real e que serviria para ilustrar o atual cenário da Educação sergipana, pelo menos o divulgado hoje pelo Observatório de Sergipe, Superintendência de Estudos e Pesquisas da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Governo do Estado.
Segundo o órgão, Sergipe figura na 2ª posição quando o assunto é o Índice de Desenvolvimento Humano para a Educação, com um percentual de 0.601, comparando os nove Estados nordestinos. Mas, a prata no pódio não quer dizer positividade. Na verdade, o lugar de destaque é entre os piores do Nordeste no quesito Educação.
O Estado fica atrás apenas do vizinho Alagoas (0.586), que parece, também, não ter feito o dever de casa. O maior IDH/Educação ficou com o Ceará (0.692), seguido pelo Rio Grande do Norte e Pernambuco, ambos pontuando 0.658.
Os dados analisados pelo Observatório foram embasados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e não foram levados em consideração pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), visto que, segundo a Assessoria de Comunicação do órgão, não correspondem ao cenário atual da Educação, uma vez que a análise foi feita em cima de índices do ano de 2015.
Segundo Ciro Brasil, coordenador do Observatório de Sergipe, o IDH é um índice que tem uma periodicidade de divulgação, sendo que os dados utilizados nesse levantamento correspondem aos últimos trazidos a público.
“Creio que os dados são esses mesmos. Quando a gente fala atual, para cada indicador temos que usar o último dado disponível. O IDH é um indicador que você usa outros indicadores para compor ele. Esse indicador tem três outros indicadores, por exemplo, taxa de escolaridade média das pessoas, taxa de abandono e taxa de analfabetismo. Faz uma média desses três, calcula e faz um ranqueamento”, explica o coordenador.
Ele também acredita que os dados podem ter sofrido uma melhora. “Só que como esse IDH normalmente não é todo ano que faz, tem um ‘delay’, então pode ser que ainda não tenham dados mais atuais. De fato, como a Educação falou, é uma fotografia de 2015, pode ser que pegando esses subcomponentes com dados de 2016 e 2017, Sergipe já tenha melhorado”, diz.
Contrapondo a Seed e o próprio Observatório de Sergipe, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese), Roberto Silva, acredita que os dados atuais não devem divergir muito dos que foram apresentados.
“O ano passado foi divulgado o índice de produtividade do Estado e os dados da Educação apontavam nessa perspectiva. O que ocorre no caso de Sergipe é que temos planos estaduais e planos municipais para a Educação que foram aprovados e simplesmente não estão sendo considerados. Os planos preveem uma série de políticas para a Educação e não há uma avaliação desse plano. Isso é um dos maiores problemas, porque hoje a gente tem uma legislação que prevê o que fazer para melhorar a Educação”, afirma Roberto.
O sindicalista pontua que não existe, por parte da Seed, vontade de melhorar os índices educacionais de Sergipe.
“No caso do Estado, por exemplo, o governo desmontou o Fórum Estadual da Educação na época do secretário Jorge, justamente para não ter esse controle, essa fiscalização das políticas da Educação. Não há uma preocupação em executar o que já está previsto em lei, como a gestão democrática. O que a gente tem visto do governo é a entrega da Educação para instituições privadas. Há um entendimento equivocado de que a gestão resolve tudo”, lamenta Roberto.
Por último, ele dá uma dica de como mudar a realidade da educação sergipana: “A gente avalia de que é preciso regular a gestão democrática e a própria comunidade decidir onde deve ser investido o dinheiro da Educação, de acordo com a demanda real da comunidade”, aconselha o vice-presidente.
Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Educação (Seed), dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) deverão ser divulgados em 31 de agosto deste ano e mostrarão uma realidade diferente da divulgada pelo Observatório de Sergipe.
Por Diego Rios/Equipe JC