19/07/2018 as 11:14

Entre 30 e 39 anos

52% da população está endividada

O Sudeste do país foi a região de maior crescimento no número de pessoas físicas endividadas.

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52% da população está endividadaFoto: André Moreira/Equipe JC

Pessoas físicas e jurídicas estão cada vez mais endividadas no Brasil, segundo dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que aponta que 63,6 milhões de consumidores – 42% da população adulta brasileira – estão inadimplentes, ou seja, com restrições no CPF por atraso no pagamento de contas. O Nordeste é a região do país com o segundo maior crescimento na inadimplência de pessoas físicas, com 2,95%. Em relação às empresas endividadas, o Nordeste aparece em quarto lugar, com 2,94% de crescimento no mês de maio deste ano, comparado com o mesmo período em 2017.


O Sudeste do país foi a região de maior crescimento no número de pessoas físicas endividadas, com 8,07%, sendo esta a parte do país onde se concentra o maior número de pessoas consumidoras. Em seguida está o Nordeste, depois o Centro-Oeste, com 2,27% de crescimento, e os menores crescimentos registrados no Sul e Norte, com 1,08% e 1,55% respectivamente.


Dos 63,6 milhões de inadimplentes, conforme consta a pesquisa do SPC Brasil, cerca de 630 mil são do Estado de Sergipe, segundo o economista e dirigente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Sócio Econômico (Dieese), Luís Moura.


Um dado interessante apresentado na pesquisa do SPC Brasil, de acordo com o economista, é quanto ao número de dívidas, que algumas regiões apresentaram queda. “As regiões tiveram um crescimento no número de devedores, mas queda no número de dívidas. Isso significa dizer que aumentou o número de dívidas por devedores”, destaca Moura.

Faixa etária
Segundo Moura, há uma concentração elevada de inadimplentes entre pessoas com idades de 30 a 39 anos. “Se você olhar o desemprego, essas pessoas perderam o emprego e estão endividadas. 52,05% da população nessa faixa etária está endividada. Os jovens, na faixa etária de 18 a 24 anos, representam 19,96% da inadimplência e as pessoas com mais de 85 anos a 94,16%”, explica o economista.


Chama atenção, de acordo com Luís Moura, o fato de que a faixa etária dos 65 aos 84 anos ter 32% da população inadimplente. “Essa é uma situação que preocupa”, frisa.

Perfil de inadimplência
De acordo com o economista, o Nordeste manteve uma variação anual, comparando maio desde ano com o mesmo período em 2017, crescimento de 2,95%, e no mês de maio em comparação a abril, 0,15%. Os nordestinos devem em primeiro lugar aos bancos, o que representa 47,59% das dívidas. Em seguida está o comércio, com 19,62%, depois comunicação (10,34%), água e luz (13,09%) e outros tipos (9,37%).


“A dívida maior é com banco, porque dívida de cartão de crédito é o que mais atinge os consumidores. Ou seja, as pessoas estão endividadas com cartão de crédito ou cheque especial”, afirma o economista.

Pessoa jurídica
A dívida da pessoa jurídica também teve crescimento no mês de maio desse ano. O aumento foi de 9,37% comparando com o mesmo período em 2017. O maior crescimento foi verificado na região Sudeste, com 16,54% a mais. O Nordeste aparece com crescimento de 2,94% anual.


“As empresas que mais devem são as do setor de serviço, que é o maior setor da economia, com maior participação no total da dívida, com crescimento de 69,80%. Depois tem o comércio (19,93%), agricultura, uma pequena parcela de 0,90%, e outros tipos de empresas (0,09%)”, disse Moura.


As consequências podem ser maiores para empresas, pois, segundo o economista, credores podem solicitar concordata ou recuperação judicial da empresa inadimplente, o que acaba afetando o emprego e realimentando a dívida. “Quanto às pessoas físicas, elas ficam sem poder consumir enquanto tiverem inadimplentes e com o CPF restrito. Essa situação só melhorará quando houver recuperação da economia”, afirma Luís Moura.

Laís de Melo/Equipe JC