Hospital Cirurgia: Funcionários ainda sem receber salários

Foto: André Moreira/Arquivo JC

A direção do Hospital Cirurgia, instituição filantrópica localizada na região central de Aracaju, está proibida de demitir funcionários conforme liminar concedida pela Justiça do Trabalho após solicitação do Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo a Associação dos Funcionários e Amigos do Hospital Cirurgia (ASFA), os empregados demitidos até o momento ainda não receberam os valores referente às verbas rescisórias e de FGTS. Além disso, os efetivos seguem sem receber os salários referentes ao mês de julho.

O presidente da ASFA, José Cícero de Souza, conta que entre os meses de janeiro a março desse ano a direção do hospital iniciou as demissões em massa. Foram cerca de 38 demitidos em cerca de três meses. Segundo o presidente, a instituição tinha em 2017 cerca de 1.280 funcionários, quando a intenção era reduzir o quadro para 750.

“Eu acredito que não chegaram a colocar 300 funcionários para fora até o momento. Também não sei dizer qual a quantidade de empregados atualmente, porque eles colocaram muitos para fora, depois contrataram muitos também. E os funcionários que foram demitidos, até o momento não receberam as contas de modo geral, por isso que muitos entraram na justiça e foi determinado que não houvesse mais demissão”, explica Souza.

A falta de pagamento não é algo exclusivo dos funcionários demitidos do HC. Os atuais trabalhadores estão recebendo todos os meses os salários com cerca de 30 dias de atraso, segundo Souza.

“O salário do mês de junho nós recebemos no dia 30 de julho. Tem sido assim em todos os meses, recebemos sempre entre os dias 28 e 30 do mês seguinte, quando já era para estar recebendo o salário daquele mês. Agora em agosto já estamos com o mesmo receio, já passou de 15 dias do início do mês e seguimos sem receber”, conta o presidente.

Souza conta que retornou do período de férias e já tentou por dois dias falar com a direção para saber quando será feito o pagamento dos salários, porém, foi informado de que os diretores estavam em reunião com a Secretaria de Estado da Saúde, e até o momento não foi possível a conversa. “Vou continuar tentando, mas, até o momento eles não deram a previsão para o pagamento”, frisa.

Com a liminar da justiça para a suspensão das demissões, caso seja desrespeitada, a fundação poderá pagar uma multa diária no valor de R$ 3 mil por empregado dispensado. Segundo o procurador do Trabalho, Raymundo Ribeiro, o MPT demonstrou que o HC vem despedindo coletivamente seus empregados sem os devidos pagamentos e sem qualquer diálogo com os sindicatos profissionais para redução dos impactos socioeconômicos das dispensas em massa, como o desemprego, infringindo princípios constitucionais, como o valor social do trabalho e a dignidade humana, e em dissonância com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

A direção do HC informou ao JORNAL DA CIDADE que nesta sexta-feira, 17, deverá efetuar os pagamentos dos salários dos funcionários. Quanto à liminar do MPT, o Hospital diz que somente se pronunciará após ser notificado da decisão.