17/09/2018 as 11:26

Economia

Procura por empréstimo consignado aumenta

Volume de dinheiro emprestado para aposentados em SE sobe 16%

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O Banco Central divulgou recentemente que o volume de dinheiro emprestado para aposentados e pensionistas nos primeiros cinco meses desse ano subiu de R$ 4 para R$ 30,2 bilhões. Comparando o mesmo período com o ano de 2017, o aumento de empréstimo consignado para aposentados subiu em 16%. Essa tem sido a opção não só dos aposentados, mas, da população de maneira geral, que recorre não apenas aos bancos, mas, também, a empresas de crédito. Na capital aracajuana, um escritório de empréstimos localizado no Edifício Cidade de Aracaju, no Centro da cidade, constata aumento na procura em 2018.


                                           

A vendedora Adriana da Conceição relata que muitos sergipanos, até mesmo os aposentados, estão procurando empréstimos como uma solução para quitação de dívidas, para abrir negócios, ou até mesmo para cuidados com saúde.

“São vários tipos de empréstimos. Quem é autônomo procura empréstimo pessoal, quem é aposentado, vem atrás do consignado, e quem não tem renda faz no contracheque ou boleto. Os juros são de no máximo 10% no cartão de crédito”, explica a vendedora.

Ainda de acordo com Adriana, o aumento na procura pode estar ligado à crise econômica. “Aumentou muito esses meses, acho que é a falta de emprego. Tem muita gente querendo investir em algum negócio, ou ajudar a família. Aqui dá para tirar R$ 100 por semana com empréstimo, isso se for de cartão, porque a comissão é paga na hora. São cerca de cinco clientes por semana”, afirma.

Para o economista Luís Moura, a informação de que as pessoas estão à procura de empréstimos e financiamento é um tanto perigosa. “A pesquisa recente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas apontou que o número de famílias endividadas tem aumentado. Das 194 mil famílias de Aracaju, 25% estão inadimplentes. E o perigoso dessa informação das pessoas procuraram empréstimos é que elas podem estar fazendo isso para pagar dívida”, ressalta Moura.

Segundo o economista, a população deve estar atenta às taxas de juros. “A pessoa quando está endividada e quer ver o nome limpo, muitas vezes você se sujeita a qualquer coisa. Juros, taxas, isso tudo é uma armadilha. Hoje em dia existem vários sites que você pode verificar quais os juros reais em refinanciamento. É bom pesquisar”, explica.

Moura acredita que a crise tem influenciado cada vez mais as pessoas na procura por empréstimos como saída. “Porque as pessoas estão sendo demitidas, ficam sem nenhum tipo de renda, e para honrar determinados compromissos, tem que fazer algum tipo de financiamento. Veja o exemplo dos servidores públicos do Estado de Sergipe, que estão sem reajuste há cinco anos, e isso não é fácil, com gasolina aumentando, energia elétrica, gás de cozinha etc”, reitera o economista.

Ele cita ainda que a taxa de inadimplência em financiamento no Brasil é em torno de 5%, um número considerado baixo. “Isso mostra que o brasileiro se esforça para pagar todas as dívidas e não ter nome negativado, mas, chega um momento que fica impossível e então ele recorre às alternativas de crédito”, explica Moura.

A recomendação é que os aposentados não usem todo o limite, chamado de margem consignável. Se tiver uma emergência, o ideal é recorrer ao consignado em vez de usar outra modalidade de empréstimo mais cara. A dica de especialistas é que não se gaste mais de 20% com o pagamento de dívidas e que não utilize o dinheiro para ajudar familiares e amigos endividados.