18/09/2018 as 08:46

Apostas altas

Casas de pôquer se popularizam em Aracaju

Esporte da mente tem feito muita gente “perder” dinheiro; apostas são altas, de mais de R$ 10 mil.

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Casas de pôquer se popularizam em AracajuFoto: André Moreira/Equipe JC

Em vários bairros de Aracaju, é notória a presença de casas de pôquer. O esporte disseminou de um jeito no último ano que já são milhares de jogadores no mundo todo, e na capital sergipana não tem sido diferente. Segundo dados da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), já são sete milhões de praticantes brasileiros. No entanto, o jogo reconhecido pelo Ministério do Esporte Brasileiro tem feito muita gente “perder” dinheiro. Apostas altas, de mais de R$ 10 mil, são feitas diariamente nestas luxuosas casas.


Segundo a legislação vigente, no Brasil é proibida a exploração de jogos de azar, e o Poker Texas Hold’em em suas modalidades (Torneio e Cash Game) não depende da sorte (ou azar). Mas, ao cobrar taxa de serviço ou rake (taxa de comissão), a casa de pôquer deve se enquadrar como estabelecimento comercial.


Uma pessoa que preferiu não ter a identificação revelada conversou com a equipe do JORNAL DA CIDADE e contou que muito dinheiro está envolvido dentro das casas de pôquer. “Não é nada escondido, há pessoas que vão participar dos torneios onde são cobrados valores acessíveis, mas há pessoas que apostam R$ 8 mil, R$ 10 mil. Ou seja, tem gente que vai perder ou ganhar esse valor”, revelou.


Basicamente, no pôquer que é permitido pela legislação, funciona assim: os jogadores recebem o mesmo número de fichas, sentam em mesas com nove ou 10 pessoas no total e saem do torneio assim que perdem todo seu stack (quando um jogador tem menos fichas que a média dos jogadores da mesa) – ou quando recolhem o equivalente a todos os montes de fichas. Como os jogadores pagam para participar do torneio, ao final, o vencedor ou vencedores recebem a premiação que varia de acordo com o torneio.


De acordo com a delegada coordenadora de Polícia Civil da capital, Viviane Pessoa, se as casas de pôquer forem montadas para funcionar como casa de jogo de azar, onde depende apenas da sorte dos jogadores, o local se enquadra em contravenção penal. “As famílias que estão sentindo efeitos desses jogos devem nos procurar para que possamos identificar se há contravenção penal ou não. Pois se houver endividamento, perda considerada do patrimônio, essas casas começam a ter estrutura de casas de jogatina, ou seja, há migração de apenas esporte para jogo de azar. Se os frequentadores sentirem que há algo em desacordo com a lei, é necessário levar o fato à polícia, por isso, a denúncia é muito importante”, informou.


O JORNAL DA CIDADE procurou ainda a Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz) e informou os endereços de três estabelecimentos onde funciona casas de pôquer para saber se eles estavam regularizados e com inscrição municipal. A Semfaz informou que os três estabelecimentos possuem inscrição municipal e alvará de localização e funcionamento. “No entanto, dois deles – os que estão localizados no bairro Farolândia e no Salgado Filho - não estão inscritos na atividade comercial (jogo) alegada pelo veículo de comunicação (o que gerou a consulta). Em ambos os casos a Secretaria da Fazenda realizará a fiscalização dos locais a fim de confirmar a compatibilidade da atividade com a informada no alvará vigente. Havendo a negativa, o órgão tomará as medidas cabíveis”.