21/09/2018 as 08:37

Saúde

Sergipe tem a maior taxa de suicídio



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Sergipe tem a maior taxa de suicídio

Por Grecy Andrade 

O Ministério da Saúde divulgou ontem novos dados sobre tentativas e óbitos por suicídio no país. E o estado brasileiro com maior número de tentativa de suicídio por autointoxicação é Sergipe, com taxa de 2,3 por 100 mil habitantes. Em seguida vem Ceará (1,7) e Goiás (1,5). Regionalmente, o Sudeste concentra a maior quantidade notificações: 49,3%, seguida por Sul (25,1%), Nordeste (17%), Centro-Oeste (6,6% e Norte (2,1%).


A publicação acontece no mês de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, “Setembro Amarelo”. O levantamento aponta que a intoxicação exógena é o meio utilizado por mais da metade das tentativas de suicídio notificadas no país. Com relação aos óbitos, a intoxicação é a segunda causa, com 18%, ficando atrás das mortes por enforcamento, que atingem 60% do total.


Entre 2007 e 2016, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 óbitos por suicídio. Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notificação de 11.433 mortes por essa causa. Ainda segundo o MS, o suicídio, principalmente entre as mulheres, começa muito cedo, já aos 10 anos. Entre os meninos, começa com a idade mais avançada, aos 15 anos, mas eles morrem mais.
Nos últimos 11 anos, dos 470.913 registros de intoxicação exógena, 46,7% (220.045) foram devido à tentativa de suicídio. Em 2017, o número registrado foi cinco vezes maior do que 2007, saiu de 7.735 para 36.279 notificações. O Sudeste concentrou quase metade (49%) das notificações seguido da região Sul, que concentra cerca de 25%. O Norte foi o que teve os menores índices, em torno de 2%.


As mulheres representaram quase 70% (153.745) do total de tentativas de suicídio por intoxicações exógenas nesses 11 anos. Sobre os agentes tóxicos utilizados, os medicamentos correspondem a 74,6% das tentativas entre as mulheres e 52,2% entre os homens. As intoxicações exógenas resultam em 4,7% de óbitos em homens e 1,7% nas mulheres.

“É importante a análise desses dados, pois é uma questão de saúde pública que tem se agravado no país, principalmente para que possamos diminuir o preconceito e o estigma nas pessoas que tentam o suicídio. Esses números vão ajudar a chegar aos principais focos para que possamos identificar melhor as causas e qualificar as nossas ações de saúde pública”, destacou a diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde (DANTPS), do Ministério da Saúde, Fátima Marinho.

O Ministério da Saúde reforça que o suicídio é um fenômeno complexo e multifacetado, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Dentre as intervenções universais de prevenção do suicídio, destacam-se as relativas à restrição aos meios de suicídio (controle de armas de fogo e de acesso a agrotóxicos), a redução do uso prejudicial de álcool e outras drogas e a conscientização da mídia para comunicação responsável sobre o tema.

Tratamento é necessário
O psicólogo e presidente da Comissão de Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia de Sergipe, Pedro Alves dos Santos Filho, reforçou que a depressão é uma doença silenciosa e muito subdiagnosticada porque as pessoas tendem a banalizar os sintomas ou não reconhecer os mesmos como sendo indícios de que a enfermidade já se instalou.


“Por conta das pressões do cotidiano, um cansaço permanente associado à perda de apetite, dificuldades de conciliar o sono, isolamento e a perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas podem sinalizar a presença de um transtorno de humor, mas o diagnóstico tem que ser feito por profissionais da área que são os mais indicados para orientar e estabelecer os tratamentos adequados”, explica.


Além disso, segundo o psicólogo, o preconceito continua sendo o grande inimigo do engajamento das pessoas no tratamento, pois, por medo de serem julgadas, incompreendidas ou taxadas de fracas e incapazes de lidar com os problemas do cotidiano, as pessoas não buscam ajuda e desenvolvem ideias preconcebidas que dificultam ainda mais a situação e aumentam o risco de suicídio nos pacientes.


“Tratamento psiquiátrico e acompanhamento psicoterápico são recursos imprescindíveis e que devem ser buscados sempre que forem identificados quaisquer sintomas.
É importante que se recorra ao tratamento não apenas em relação a si próprio, mas que se preste atenção nas falas, nos pedidos de ajuda muitas vezes feitos nas entrelinhas e, principalmente, no próprio e no comportamento de quem está ao lado. Essa relação de cuidado com o outro pode, em diversas situações, salvar uma vida, pois nunca sabemos se alguém que esteja atravessando um problema que considera insuportável está pensando em tirar a própria vida. Deve-se, imediatamente, encaminhá-la para um tratamento médico e psicológico nas redes de saúde, púbica ou privada, para que se dê início ao tratamento necessário”, concluiu.