25/09/2018 as 08:07

Sem acordo

Greve dos médicos completa 68 dias

Categoria exige reajuste salarial; PMA diz não ser possível e alega que prioridade é pagar servidores em dia.

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Greve dos médicos completa 68 diasFoto: André Moreira/Arquivo JC

A greve dos médicos da rede municipal de Saúde de Aracaju já se estende por 68 dias. Os profissionais se manifestam com o pedido de reajuste salarial e também implantação da tabela única dos médicos, no entanto não houve acordo entre o Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) e a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), que se manifestou dizendo que não será possível dar reajuste para a categoria. Sem acordo entre as partes, a população aracajuana é a principal prejudicada com os serviços reduzidos nas unidades de saúde básicas da família, como agendamento de consultas e exames.


Na segunda-feira, 24, os médicos realizaram um novo ato público na sede do Centro Administrativo da PMA, como tentativa de serem recebidos pelo prefeito para uma possível negociação.


“Nós queríamos uma reunião na presença do secretário da Fazenda e do prefeito Edvaldo Nogueira. No entanto, fomos recebidos pelo secretário de Planejamento e Gestão e pela secretária da Saúde, que não têm autonomia para realizar negociação. Para piorar, o secretário de Planejamento abriu a reunião com uma frase que soou com total desrespeito por nós, médicos, ao falar que estavam ali todos a ouvidos. Como assim? Nós é que estamos a ouvidos deles para a contraproposta da PMA que até hoje não foi dada. Isso é falta de respeito, porque parece que a greve começou hoje e para que está tudo sendo ignorado”, lamentou o presidente do Sindimed, Dr. João Augusto.


Ainda de acordo com o presidente do sindicato, o prefeito Edvaldo Nogueira só aparece por meio de rede social, mas nunca de maneira presencial. “O prefeito só aparece na “live”. Parece que não cumpre expediente. Hoje vai estar na forma virtual, mas presencial ele não está”, afirma Dr. João Augusto.


A situação já foi mediada, inclusive, pelo Poder Judiciário, que reconheceu a greve dos médicos como sendo legal. “A greve continua por tempo indeterminado, afinal a Justiça disse que estamos falando a verdade, que a gente cumpre os pré-requisitos, e comprovamos que a prefeitura não está se manifestando. O que a gente lamenta dizer é que teve reunião, quando não na verdade não teve. Temos toda a reunião gravada para botar quando necessário for na Justiça, para comprovar que não teve negociação”, disse o presidente.

SMS
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que uma comissão foi formada pelos secretários municipais da Saúde, Waneska Barboza, Planejamento, Orçamento e Gestão, Augusto Fábio Oliveira, e de Governo, Renato Telles, para receber os representantes do Sindimed na manhã de ontem, 24, quando foi demonstrado que a atual situação financeira do município não permite que seja dado reajuste nem à categoria dos médicos, nem a qualquer outra funcional do município.


“Nós já os recebemos várias vezes enquanto comissão de negociação, delegada pelo prefeito. Infelizmente, o que satisfaz a categoria é a concessão de reajuste, porém, como nós apresentamos em relatório financeiro do quadrimestre, o município não tem condição financeira de conceder esse aumento a nenhuma categoria, portanto não se trata de uma questão apenas relacionada ao Sindicato dos Médicos, mas todas as categorias. Conceder o reajuste traria um impacto que não podemos arcar, ocasionando em atrasos no pagamento”, ressalta a secretária municipal da Saúde, Waneska Barbosa.  


“A nossa prioridade é assegurar o pagamento da folha e manter os serviços em dia. Qualquer reajuste aplicado poderá implicar no não cumprimento das obrigações”, acrescenta o secretário Augusto Fábio. 

Laís de Melo/Equipe JC