25/09/2018 as 10:20

Letalidade

Agrotóxicos: SE tem a maior taxa de morte por intoxicação

Dados mostram que a taxa de letalidade no Estado é de 18,52%.

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Agrotóxicos: SE tem a maior taxa de morte por intoxicaçãoFoto: Jadilson Simões/Arquivo JC

Na contramão de outros países, que têm buscado cada vez mais diminuir o uso de agrotóxicos em suas plantações, o Brasil trabalha para ampliação do uso de agrotóxicos mesmo que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não tenha concluído sobre o impacto do produto. Para se ter ideia do impacto do uso de agrotóxico na população, o Ministério da Saúde publicou o Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos.


Os dados mostram que a taxa de letalidade por intoxicação por agrotóxicos em Sergipe ficou em 18,52, a maior do país, em 2015.


Ao se analisar os dados de letalidade no ano de 2014, destacaram-se Roraima (15,38/100 mil hab.), Rondônia (14,58/100 mil hab.), Piauí (13,21/100 mil hab.), Sergipe (9,84/100 mil hab.), Rio Grande do Sul (8,77/100 mil hab.) e Ceará (7,34/100 mil hab.). Os dados podem indicar que a dose de exposição nesses casos foi alta o suficiente para levar ao óbito e também pode indicar a necessidade de melhorias no serviço de assistência prestado.


O relatório mostra ainda que no período de 2007 a 2015, foram notificados no Brasil total de 84.206 casos de intoxicação por agrotóxicos. Quanto ao tipo de agente tóxico, os raticidas foram os agrotóxicos mais utilizados (42,1%), seguidos dos agrotóxicos de uso agrícola (36,5%), agrotóxicos domésticos (11,4%), produtos veterinários (8%) e de uso em saúde pública (2%).


Com relação a faixa etária, a de 20 a 34 anos (36%) predominou, seguida da faixa de 35 a 49 (22,6%) e da de 15 a 19 anos (12,1%), ou seja, a maioria correspondente a população economicamente ativa. Ressalta-se também os casos de intoxicação em crianças: quando somadas as faixas correspondentes a menos de 1 ano até 14 anos de idade, o resultado é de 16,9%.


O Ministério da Saúde reforça que a exposição a agrotóxicos pode causar quadros de intoxicação leve, moderada ou grave, a depender da quantidade do produto absorvido, do tempo de absorção, da toxicidade do produto e do tempo decorrido entre a exposição e o atendimento médico. As consequências descritas na literatura compreendem: alergias; distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, reprodutivos e neurológicos; neoplasias; mortes acidentais; suicídios; entre outros. Os grupos mais suscetíveis a esses efeitos são: trabalhadores agrícolas, aplicadores de agrotóxicos, crianças, mulheres em idade reprodutiva, grávidas e lactantes, idosos e indivíduos com vulnerabilidade biológica e genética.

Grecy Andrade/Equipe JC