“Diretoria da Adepol tinha um lado político”

Foto: Arquivo JC

As declarações da delegada Daniella Garcia em apoio ao candidato ao governo Valadares Filho estão dando o que falar entre os delegados, principalmente aqueles que atuam em delegacias especializadas. Por conta dessa situação, sete delegados ligados ao governo assinaram uma carta de repúdio contra a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Sergipe (Adepol) por acreditar que a entidade estaria a favor de um dos candidatos. Por conta desta situação, o delegado André Davi Caldas Rosa Rodrigues teve alguns áudios vazados reclamando da atuação da associação.

Depois da aparição da delegada, alguns chefes de delegacias entraram em contato com outros delegados para que eles pudessem assinar a carta de repúdio, como alguns não aceitaram resolveram comunicar a situação à Adepol. Depois disso, a associação resolveu se manifestar sobre o assunto, foi aí que o delegado André Davi fez alguns áudios em um grupo de WhatsApp proferindo alguns xingamentos e dizendo que a diretoria da Adepol tinha um lado político.

Ainda na conversa, o delegado menciona que irá assinar a carta de repúdio e que não acredita que alguém tinha siso pressionado a assinar e comenta ainda que acha uma palhaçada o que a colega de trabalho fez. “O delegado ou a delegada está se sentindo constrangido porque não coloca a cara para bater? Eu não acredito que ninguém tenha sido forçado a assinar. Eu vou de livre espontânea vontade assinar”, diz, em um dos três áudios vazados.

O delegado reclama ainda da atuação da associação em apoio ao delegado do Cope Hugo Leonardo. “O pobre do Hugo; escorraçaram ele no Cope e não fizeram nada (...). A diretoria vai me apoiar ou não? (....) mas não vai me apoiar, ela já escolheu um lado”, diz ainda.

Ao JORNAL DA CIDADE, o delegado André David disse que fez um desabafo num grupo só de homens que discutiram questões internas ligadas à Adepol e que se sente vítima por conta do vazamento e a exposição de sua imagem.

“Infelizmente houve vazamento dos áudios. Eu falava para um grupo só de homens, eu jamais iria me alterar se houvesse mulheres. Era um grupo de homens da associação e houve uma discussão; discussão esta de problemas internos e que acabaram vazando. Quem vazou não foi correto comigo nem com os demais membros do grupo, acarretando a este ponto de fugir do meu controle. Eu também sou vítima! Fiz um desabafo em um grupo restrito e fui exposto para a sociedade sergipana.

Realmente fui eu quem gravou o áudio, a voz é minha, mas o que foi exposto diz respeito somente ao grupo por se tratar de assuntos restritos à associação”, disse o delegado.

Já a diretoria da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Sergipe (Adepol) emitiu uma nota repudiando as declarações do delegado e associado André David Caldas Rosa Rodrigues. Segundo a nota, “o delegado, a despeito de manifestar discordância com a condução dos trabalhos por parte desta gestão, proferiu diversas ofensas à moral e à honra dos membros da diretoria. O que a princípio se revelava como uma legítima manifestação política, desaguou num lamentável coletivo de injúrias, absolutamente incompatível com o sistema democrático e republicano que referendaria a expressão de sua opinião, não fossem os infelizes excessos”, diz.

Ainda segundo a Adepol, o “delegado ainda cometeu grave injustiça ao classificar a diretoria de omissa num caso em que o colega Hugo Leonardo Oliveira Melo recebeu ampla assistência da entidade, o que foi reconhecido pelo próprio, naquele mesmo espaço onde dias depois a acusação descabida seria realizada. Durante as 72 horas seguintes ao episódio, a diretoria aguardou serenamente um ato de retratação, preferindo não polemizar, por imaginar que o colega teria agido impulsivamente sob o domínio da emoção. Mas não! A falta de um pedido público de desculpas não deixa alternativa. A diretoria da Adepol adotará as medidas administrativas e judiciais pertinentes, como não poderia deixar de ser”, informou a Adepol.