21/11/2018 as 10:21

IML

Corpo de jovem fica 48h no necrotério do Nestor Piva

IML estava superlotado devido à quebra de câmara frigorífica do Huse

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Corpo de jovem fica 48h no necrotério do Nestor Piva

Por Diego Rios

Na manhã do último domingo, 18, por volta das 10h40, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) levou um jovem, aparentando ter cerca de 22 anos, para o Hospital Nestor Piva, na Zona Norte da Capital.


O paciente, que estava sem documentos, afirmou chamar-se Diego Souza. Ele estava internado na Ala Vermelha do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e, a pedido do próprio hospital, foi transferido para o Nestor Piva.

Após dar entrada na unidade hospitalar, Diego apresentou quadro convulsivo, seguido de parada cardiorrespiratória e veio a óbito logo em seguida.
De acordo com a gerente do Hospital Nestor Piva, Camila Beatriz, após a morte do paciente, a direção da unidade hospitalar entrou em contato com o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), uma vez que Diego estava sem documentos e, consequentemente, sem a companhia de familiares. O SVO informou não realizar o serviço aos domingos.

Diante dessa situação, o hospital recorreu ao Instituto Médico Legal (IML) para que pudesse realizar o recolhimento do corpo até que houvesse a reclamação dos familiares. Também foi negado o serviço, com a explicação de que não havia local para guardá-lo. O órgão comunicou que estava operando, naquele momento, na sua máxima capacidade.

E agora? O que fazer? A direção do Hospital Nestor Piva, ainda no domingo, diante do impasse, entrou em contato com o Huse para que pudesse guardar esse corpo até o surgimento de uma vaga no IML. Mais uma resposta negativa.

A direção do Huse informou que a sua câmara frigorífica havia quebrado, tendo, inclusive, que realizar a transferência de corpos para a “geladeira” do IML.


Resultado: após quase 50 horas do óbito, o corpo permanecia no necrotério do Hospital Nestor Piva. O local, que fica próximo à entrada dos funcionários, não possui sistema de refrigeração e, muito menos, condições para abrigar alguém morto por tanto tempo.

A assessoria de comunicação do Huse confirmou, ontem, 20, a condensação da câmera frigorífica da unidade e informou que a equipe de manutenção estava no local, à espera do descongelamento, para efetuar o reparo. Também foi dito que procedia a informação da transferência de corpos para o IML.

Já a assessoria do IML informou que em um momento ou outro pode ser que o órgão esteja sem vaga, mas após iniciar a liberação dos corpos, volta a receber mais corpos novamente. O assessor, Theo Moreno, também explicou sobre a responsabilidade do órgão neste caso específico.
“Nós nunca deixamos de recolher um corpo porque as gavetas estiveram cheias, isso nunca aconteceu. Talvez tenha havido uma prioridade para aqueles corpos que são de responsabilidade do IML, os de morte violenta ou de morte suspeita. Neste caso, estava no hospital e não era de responsabilidade do IML, o IML só daria um apoio e ficaria guardando esse corpo até que a família pudesse resgatar”, enfatizou o assessor.
Após o contato da equipe do JORNAL DA CIDADE com o IML e com o Huse, e a ida da equipe até o Hospital Nestor Piva para entender a situação, às 11h04 desta terça-feira, o carro do IML chegou ao hospital para realizar o recolhimento do corpo de Diego Souza, onde deve permanecer até que algum parente apareça para identifica-lo e sepultá-lo.