18% dos MEIs possuem mais de 50 anos

Tem sido cada vez mais comum, de um tempo para cá, a presença de pessoas que atingem a idade de aposentaria e decidem não fazer mais do mesmo. Elas arregaçam as mangas e enxergam um futuro de realizações e, por que não dizer, de muito trabalho.

A história de Ivaldo Mesquita também pode ser a de muitos outros pelo Brasil afora. Aos 70 anos, o “maduro empreendedor” decidiu não acompanhar o destino dos colegas de trabalho e recomeçou a vida após os seus mais de 30 anos de serviço na empresa Petrobras.

Aliás, recomeçou a vida, não! Como o próprio Ivaldo disse, ele continuou a vida. Atualmente, ele comanda o próprio negócio no setor de treinamento, consultoria e automação na área de petróleo.

“Decidi que não queria ficar parado e montei a empresa. Fim de semana a gente junta a família, mas durante a semana a gente tem que trabalhar. Eu acho que idade não é objeção, a vida continua. A minha mãe, por exemplo, tem 95 anos, não trabalha mais, mas a gente passa exercícios, contas. Tudo para não deixar a mente parar”, explica Ivaldo.

E o empreendedor não para de sonhar. “Meu objetivo na vida, hoje, é preparar trabalhos técnicos e desenvolver tecnologia. Este ano já estive nos Estados Unidos e apresentei um trabalho técnico”, afirma.

Dados do Portal do Empreendedor corroboram com história de Ivaldo. Em Sergipe, 18% dos microempreendedores individuais (MEIs) formalizados têm idade acima dos 50 anos. De um total de 51.217 microempreendedores sergipanos, 7.354 estão na faixa etária entre os 51 e 60 anos. Já 1.747 compreendem a faixa entre 61 e 70 anos, enquanto 290 estão acima dos 70 anos.

Para o empresário e consultor de negócios Danilo Porto, os números refletem uma realidade não muito distante e que trazem à tona uma nova face da maturidade para os negócios.

“As pessoas estão vivendo mais e de formas muito mais saudáveis do que antigamente. O tempo de quem se aposenta e decide viver uma vida sem muito agito parece estar ficando para trás. Esse indivíduo tem acreditado cada vez mais que é útil e ainda tem muito a colaborar”, analisa Porto.

Para se ter ideia do quanto esse movimento é real, ainda analisando os dados do Portal do Empreendedor, cerca de 120 mil MEIs no Estado de São Paulo estão acima dos 60 anos.

Quem também decidiu seguir o mesmo caminho trilhado por Ivaldo foi a senhora Lourdes Jaciuk. Há quatro anos ela viu a necessidade de complementar a renda da aposentadoria e iniciou a atividade no ramo alimentício.

“A melhor coisa que existe é trabalhar. Eu sou uma pequena empreendedora na área de alimentação. Forneço marmita e quentinha há mais de quatro anos. O salário de aposentada não dá para viver. Meus filhos estão crescidos e não consigo me ver parada”, afirma Lourdes. Ela e um grupo de amigas participaram, na tarde desta terça-feira, 18, de uma palestra promovida pelo Instituto GBarbosa sobre o tema “Empreender na Maturidade”.

Enquanto para muitos a idade pode ser um divisor de águas e um limitador acentuado, principalmente devido à dificuldade com as novas tecnologias, para esse grupo específico o que tem contado mesmo é a experiência adquirida ao longo dos anos e a vontade de aprender sempre cada vez mais.