Uso intenso de agrotóxico nas plantações pelo interior

Foto: André Moreira/Equipe JC

Brasil é o país campeão mundial no uso de agrotóxicos, e a situação tem se tornado a cada ano mais preocupante. Esse ano, o governo do presidente Jair Bolsonaro liberou um total de 239 agrotóxicos no país, e há ainda 538 novos pedidos de registros acatados pelo governo. Em Sergipe, conforme a Empresa do Desenvolvimento Agropecuário do estado (Emdagro) há uso intensivo dos princípios ativos nas culturas de milho.

O uso indiscriminado de agrotóxicos põe a saúde de trabalhadores e de toda a população em risco. Segundo último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, de 2007 a 2015 foram registrados mais de 84 mil casos de intoxicação por agrotóxicos, entre venenos de uso nas lavouras, doméstico e raticidas. De acordo com a coordenadora de Defesa Vegetal da Emdagro, a engenheira agrônoma Aparecida Andrade, o produtor rural ou aplicador de agrotóxico é a pessoa mais exposta no uso do produto, e é normalmente quem prepara a calda para pulverização, uma manipulação arriscada, já que o produto está concentrado.

“Para realizar esse trabalho, o aplicador tem que ser treinado em curso previsto na NR31 com carga horária de 20 horas no qual é obrigatório. Infelizmente, durante as fiscalizações ainda encontramos irregularidades como a falta do uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a falta da Receita agronômica”, revela Aparecida.

De acordo com a Emdagro, quando comparado com outros Estados, Sergipe tem baixo uso de agrotóxicos em termos gerais, exceto na utilização das culturas de milho. Ainda conforme o órgão, os munícipios que mais usam agrotóxicos são Laranjeiras, Riachuelo, Japaratuba, Japoatã e Neópolis, nas plantações de cana-de-açúcar, além dos municípios de Simão Dias, Carira, Frei Paulo e Pinhão, onde estão as plantações do milho. Itabaianinha, Lagarto e Cristinápolis também são cidades apontadas como principais que usam agrotóxicos, nas culturas de citros. As pastagens também são alvo do uso intensivo dos produtos tóxicos, nos municípios de Nossa Senhora da Glória e Monte Alegre.

A Emdagro é um dos órgãos responsáveis pelas fiscalizações em estabelecimentos comerciais e em propriedades agrícolas, para coibir o comércio e o uso irregular de agrotóxicos. “Além das fiscalizações rotineiras, a Emdagro também trabalha fortemente com a conscientização dos produtores rurais, professores, profissionais da área da saúde, através do Projeto Saúde no Campo”, informa Aparecida.

O Projeto Saúde no Campo, segundo Aparecida, foi implementado nos municípios de Umbaúba, Riachão do Dantas, Aquidabã, Graccho Cardoso, Canindé, Nossa Senhora da Glória, Itaporanga, Monte Alegre e Tobias Barreto.

“O objetivo é a redução progressiva do uso de agrotóxicos na produção agrícola, contribuindo para a promoção da saúde e sustentabilidade ambiental, e com a produção de alimentos saudáveis. É uma parceria do Governo do Estado com as prefeituras municipais, tendo como público alvo os produtores rurais do município, com a participação das secretarias municipais do Meio Ambiente, Saúde e Educação, além dos Conselhos Municipais, Sindicatos Rurais, Associações de produtores rurais, fornecedores e revendedores de agrotóxicos e bancos”, explica Aparecida.

Além do projeto Saúde no Campo, o Estado também aplica o programa Águas de Sergipe, por meio do qual está adquirindo um software para o rastreamento e controle do comércio e uso de agrotóxicos no Estado. “É uma solução informatizada própria da Emdagro, possibilitando uma gestão integrada das atividades, interligando com a Sefaz/SE, Crea/SE e a Central de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, tendo como parceiro o Ministério Público Estadual”, acrescenta a coordenadora.

Por Laís de Melo/Equipe JC