20/11/2019 as 08:06

TRABALHISTA E PREVIDÊNCIA

Auditores do Trabalho rechaçam reformas

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, elas foram idealizadas para prejudicar o mais pobre

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Cerca de 400 auditores fiscais do trabalho estão reunidos em Aracaju para participar do 37° Encontro Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, que vai até esta sexta-feira, 22. Na oportunidade, foram debatidas as reformas Trabalhista e da Previdência, idealizadas pelo governo Bolsonaro.

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho, Carlos Silva, elas foram idealizadas para prejudicar o mais pobre, o trabalhador brasileiro.

“A Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista que foi agora, recentemente, apresentada, a PEC dos Planos Econômicos, todas essas medidas, de alguma forma central, têm no trabalhador brasileiro o alvo. É um esforço sendo suportado, quase que inteiramente, pelos mais pobres, pelos trabalhadores brasileiros. Um esforço que tem muita coisa importante para o Brasil, mas com preliminares equivocadas. O equívoco parte de onde se está ajustando, nos mais pobres, quando se deveria ajustar nos mais ricos”, afirma Carlos.

O encontro é organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e pela Delegacia Sindical de Sergipe, e possui uma programação composta por palestras, painéis, mesa redonda e apresentações de estudos de caso.

Questionado se ainda haveria trabalho escravo no Brasil, o presidente é enfático ao responder positivamente ao questionamento. Segundo ele, apenas este ano, já são quase 450 trabalhadores resgatados em situação análoga ao trabalho escravo. Em 2018, esse número beirou os 1.300.

“Ainda existe escravidão, uma escravidão contemporânea. Nós coordenamos uma operação para erradicar isso. São quase 55 mil trabalhadores que, nos últimos 25 anos, foram resgatados do trabalho escravo. Nós temos, portanto, a presença dessa forma mais vil de exploração, no campo, nas cidades, nas atividades marítimas. Em todas as atividades econômicas brasileira ela está presente, na construção civil, na produção têxtil, na produção de cana, na criação de bovinos, em todos os lugares a gente encontra essa forma de exploração que remonta a séculos passados. É um desafio do Brasil e do mundo erradicar isso”, pontua o representante dos auditores.

O sindicalista lamenta as condições ofertadas pelo governo federal para que o trabalho de fiscalização seja realizado a contento. Segundo ele, o orçamento é de R$ 50 milhões anuais. Além disso, atualmente, o Brasil conta com 2.200 auditores fiscais em atividade, quando a lei preconiza um quantitativo de 3.600 profissionais. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) vai mais além e afirma que o ideal seriam 8 mil auditores.

“No momento em que o governo confere condições, nós chegamos e conseguimos resgatá-los. É preciso mais orçamento, mais auditores, mais concursos, para que cheguemos até onde o explorado está. Tem que ter orçamento, pessoal e estrutura. A gente enxerga um enxugamento. Prova disso é a extinção do Ministério do Trabalho”, finaliza Carlos Silva.

 

 

| Reportagem: Redação JC

|| Foto: André Moreira