20/11/2019 as 10:44

PLANEJAMENTO

Mudança de escola pode gerar insegurança em pais e filhos

Fatores como metodologia, espaço e métodos de avaliação devem ser analisados

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Quando se aproxima o final de ano, muitas famílias começam a planejar como será o próximo ano dos filhos na escola. É nessa hora que pode surgir a dúvida entre permanecer no mesmo estabelecimento de ensino e fazer a rematrícula, ou partir para outro colégio. De fato, a decisão não é simples, muito pelo contrário. É difícil e a mudança pode causar insegurança nas crianças e, também, nos adultos.

Segundo a psicopedagoga e arteterapeuta, Vânia Clareto, antes de mudar os filhos de escola deve-se observar algumas coisas como: metodologia, espaço, método de avaliação, corpo diretivo, entre outros. “As pessoas não perguntam, mas acho muito importante saber como é o sistema de avaliação para as crianças maiores, como são as provas, por exemplo. Para os menores, é importante questionar como será a alfabetização, se há uso de livros, quais os métodos utilizados etc.”

Mudança de escola pode gerar insegurança em pais e filhosA mudança de escola pode gerar, ainda, um incômodo quando as crianças e os adolescentes se verem afastados dos amigos. “Amigo é amigo! Então, os pais não precisam isolá-lo só porque houve uma mudança de escola. Dá para combinar de se verem, não precisa perder o vínculo, pois depende muito mais dos pais manter essa afinidade que das crianças. Então, se eles querem continuar essa amizade, com certeza vão procurar uma forma de permanecerem juntos”, acrescenta. 

Para aqueles pais e responsáveis que estão querendo tirar os filhos de determinada escola, porque ela ‘puxa de demais ou de menos’, a psicopedagoga lembra que, hoje em dia, as instituições de ensino são muito conteudistas e o básico está sendo esquecido, onde as pessoas têm chegado ao ensino médio sem saber ler, escrever, interpretar e fazer as quatro operações matemáticas.

“É tanto conteúdo que, na verdade, o foco se perde. Aqui em Sergipe, especificamente, há muita comparação entre as escolas, há uma disputa sobre qual é a melhor. Os pais têm culpa, mas nós da educação temos mais ainda. Se a escola do meu vizinho ensina escrever com letra cursiva aos três anos, a minha tem que fazer igual. As pessoas estão querendo que as crianças aprendam as coisas antes que elas cheguem a idade ideal para aprender essa determinada coisa”, alerta.

Clareto aponta que, como as coisas estão chegando mais cedo aos alunos, eles também estão estressando, estão deprimidos, estão atentando contra a própria vida, mutilando-se. “É conteúdo demais, é cobrança interna e externa, chega uma hora que não dá. Atendo crianças de cinco anos de idade que dizem que, graças a Deus, chegaram as férias. Criança nessa idade amava a escola porque não existia cobrança de notas. Ainda vem os simulados para os alunos de quarto e quinto ano e dizem que eles estão sendo treinados para as provas futuras”, chama atenção.

 

 

| Reportagem: Grecy Andrade

|| Foto: Jadilson Simões