12/12/2019 as 17:58

NOS SEMÁFOROS

Aumenta número de flanelinhas em sinaleiras da capital, e população se sente intimidada

Em vários relatos, os condutores de veículos contam ter passado por constrangimento ou medo de acontecer algo, pelo simples fato de negar a lavagem de para-brisa

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Chega final de ano e a demanda de flanelinhas nas sinaleiras da capital sergipana cresce. O comportamento é cíclico, todo ano ocorre. No entanto, alguns desses rapazes que limpam para-brisas por um trocado, têm comportamentos que acabam intimidando os motoristas, sobretudo mulheres.

“Eu faço de tudo para desviar o caminho, mas, as vezes não tem jeito, porque é o caminho da minha casa. E aí eu paro nesse semáforo onde ficam cerca de cinco a seis limpadores de para-brisa. Eles já devem até conhecer meu carro. Não tenho certeza, porque não gravo o rosto e não sei se são os mesmos. Mas, normalmente vêm dois de vez. Isso já me deixa com medo, porque nós mulheres somos muito mais vulneráveis. Outro dia fui dizer não e ele ficou numa insistência tão grande. É extremamente desagradável, e não sei até que ponto, perigoso”, conta uma baiana residente em Aracaju, que prefere não se identificar.

Nesse relato, a condutora estava se referindo à Av. José Carlos Silva, na esquina com a Av. Tancredo Neves. É um dos trechos onde os flanelinhas estão batendo ponto. A equipe do JORNAL DA CIDADE flagrou muitos deles na Av. Francisco Porto, no cruzamento com a avenida Beira Mar. Além disso, o semáforo da avenida Desembargador Maynard com a Gentil Tavares também é um ponto bastante frequentado.

“Um dia estava passando pela avenida Desembargador Maynard, quando parei no sinal que cruza com a Gentil Tavares, e o rapaz começou a jogar água no meu carro, mesmo eu dizendo que não queria. Mandei ele parar, e começou a me olhar com uma expressão de ameaça. Eles ficam chateados com a negativa, e automaticamente intimidam. Isso dá muita revolta”, disse o corretor de imóveis, Givaldo Melo.

Nesta última terça-feira, o vereador Anderson de Tuca (PRTB), fez uma denúncia durante Pequeno Expediente da 106ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Aracaju (CMA), sobre a atuação dos flanelinhas na capital, especificamente sobre aqueles que ficam como vigilantes de carros em vias públicas, que também intimidam em alguns casos.

“Hoje, quem for para um grande evento na nossa cidade se depara com flanelinhas que fazem uma extorsão. Eles cobram para que você estacione em uma via pública e intimidam para que você pague na chegada. E quem estaciona fica com medo deles danificarem o carro, imagine para as mulheres”,  disse o parlamentar. Anderson de Tuca, ainda em sua fala, fez um apelo à Polícia Militar, para que essa possa, juntamente com demais órgãos responsáveis, coagir esse tipo de ação.

Em resposta ao JORNAL DA CIDADE, a secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP) relata que tem sido feito um trabalho constante nos semáforos da cidade, onde realiza-se uma averiguação dos flanelinhas, para saber se possuem algum tipo de restrição ou mandado de prisão, por exemplo. Após passarem pela revista, eles são liberados, e o que ocorre, é que acabam retornando à sinaleira.

Segundo o assessor de comunicação do órgão, é difícil flagrar uma ameaça ou possível extorsão, e também não existe nada que impeça eles de frequentarem os semáforos. “Reforçamos que temos feito um trabalho constante, com ajuda da SMTT, para abordá-los e se for o caso encaminhar para a delegacia”, pontua o assessor, Lucas Rosário.

A SSP orienta os condutores a ficarem atentos e se protegerem, sem admitir qualquer tipo de ameaça. Em caso de qualquer situação maior de anormalidade, esse condutor deve ligar imediatamente para o 190. Também é possível fazer denúncia no número 181 ou realizar um boletim de ocorrência.

|Reportagem: Laís de Melo

||Fotos: Jadilson Simões