01/04/2020 as 12:00

INDICAÇÕES

Ler pode ser uma boa opção para enfrentar a quarentena

Confira as dicas de leitura do professor de língua e literatura, Fabiano Oliveira

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) orientou o isolamento social como uma das principais medidas de combate ao coronavírus. E assim os países estão seguindo a orientação. Pedindo para que as pessoas fiquem em casa. Com a quarentena, o ócio pode estar tomando conta, gerando ansiedade, ou fazendo com que fiquem presos às telas de celular e televisão. Por isso que a leitura tem sido uma das sugestões para o momento. 

O professor de língua e literatura, Fabiano Oliveira, acredita que esse é o melhor momento para que os brasileiros paguem as dívidas com a leitura, além de ser um grande aliado para ajudar a atravessar a pandemia.

“O livro te possibilita viajar, conhecer outras culturas, e ainda causa reflexão. Ele coloca a pessoa em diálogo consigo mesma, sem que ninguém esteja presente. E é muito positiva essa possibilidade de conversar consigo e olhar o mundo de forma diferente”, acredita o professor.

Pensando nisso, ele separou quatro indicações de leitura de obras que o inspira, optando por leituras curtas, sob a perspectiva de que a quarentena não será tão longa. A começar pela obra de Alexandre Dumas, escrita em 1848, A Dama das Camélias. “Esse livro encantou o mundo, abordando o amor de Marguerite Gautier e Armando. Um amor impossível devido ao preconceito social, por ela ser prostituta. Ela própria cria um preconceito. É um romance lindo que eu indico. Existem várias versões e adaptações”, aponta o professor.

A segunda indicação é a leitura de um dos grandes nomes da literatura brasileira, José de Alencar, com o livro Lucíola. “Trata também de prostituição. É um livro inspirado no A Dama das Camélias. Ele foi feito por volta de 1860 pelo José de Alencar. Também aborda um amor impossível de acontecer. Esse livro tem um final emocionante”, disse Fabiano.

A terceira indicação é o famoso livro Dom Casmurro, do grande Machado de Assis, de 1900. “Esse traz a história de Bentinho e Capitu. Essa obra vale apena até a releitura, para quem já o leu. Trata de um suposto adultério, diante de um narrador que quer convencer ao seu leitor de que foi traído. Os leitores desavisados vão acabar entrando no jogo de Bento Santiago, que é um velho casmurro, com mais de 60 anos, tentando atar as pontas da vida. É um romance que não podemos morrer sem ler”, ressalta o professor.

Ainda conforme ele, há histórias em quadrinhos adaptadas do livro Dom Casmurro, que podem ser lidas por crianças.

“A literatura é feita para preencher nossa vida. E eu costumo dizer que ela preenche de conhecimento e diversão nosso interior. Se ler é viajar, a gente pode viajar através dos livros. Por isso a quarta indicação de leitura é do Lima Barreto, Os Brunzundangas. Traz uma linguagem jornalística, é um livro bem curtinho, que narra um país fictício, e esse país é o Brasil. Foi uma crítica ao governo de Floriano Peixoto, uma leitura com cunho mais voltado para a política e criticidade. É uma outra vertente da lente literária, e uma maneira de conhecer o Brasil”, aponta.

Seguindo a mesma linha, o professor indica a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, de 1928. O livro traz uma reflexão sobre a formação cultural no Brasil. “Quem quer conhecer um pouco de como se formou a cultura no país, então, pode ler Macunaíma.  A história trata de um herói sem caráter, por causa da cor. Nasceu índio, passou a ser negro, e ficou branco após um banho. O livro traz um misto de imaginação e o intuito de contar um pouco da formação cultural”, ressalta.

O professor indica ainda Vidas Secas, de Graciliano Ramos, uma crítica ao governo da época, mas, unindo também uma literatura com a história de Fabiano, Sinhá Vitória e a cachorra Baleia, personagem fundamental.

Por fim, ele ressalta obra de Fernando Moraes, Olga Benário. “Ele aborda a história da esposa de Júlio Prestes, que sai da Alemanha para o Brasil, abordando o comunismo versus o governo do Getúlio Vargas. Uma história que é lírica, com a questão do amor que Olga acabou tendo por Júlio, com quem teve uma filha que não conseguiu criar, por ter sido deportada e assassinada na câmara de ar. É uma obra que indico muito, porque mostra um pouco do nosso conceito atual e da releitura da ditadura, comunismo e fascismo”, disse.

Essas são as indicações do professor Fabiano para leitura em tempos de pandemia e quarentena. “Se você estiver se sentindo só, pegue um livro. Ele é um amigo que faz com que você viaje e aprenda”, finaliza.

O Governo de Estado de Sergipe, por meio da Secretaria Estadual de Educação, também está promovendo ações que visam atender às demandas dos alunos e professores da rede pública de estado e educação, visto que a suspensão das aulas foi uma das primeiras medidas adotada pela gestão, para conter o avanço do coronavírus.

“Neste período de suspensão de aulas, a SEDUC está trabalhando, ativamente, com especialistas, professores e equipes da Secretaria para informar, pautar atividades e atender às demandas dos alunos e professores da rede pública estadual de educação. Reforço dos professores da rede, a Seduc está disponibilizando nas redes sociais lives, dicas de literatura, museus virtuais, série, filmes e livros”, disse a assessoria de comunicação do órgão.

|Da redação do JC Online

||Foto 1: Pixabay |Foto 2: Cedida ao JC