09/07/2020 as 10:51

PROBLEMÁTICA

Quarentena aumenta casos de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes

O que tem levado automaticamente à falta de concentração e afetando diretamente no desempenho escolar dos estudantes, conforme aponta psicóloga

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Crianças e adolescentes têm desenvolvido ansiedade e depressão por conta do isolamento social, conforme informações e vivência da psicóloga Denise Souza. Lidar com a quebra da rotina, com o “novo normal”, com a falta dos amigos, tudo isso tem sido um divisor de águas que tem afetado diretamente no desempenho escolar e na saúde mental dos pequenos.

Segundo a psicóloga, as crianças e os adolescentes vivem hoje uma segunda realidade pós-pandemia. No primeiro momento, tudo era uma questão de adaptação ao novo, o que não foi fácil e alterou bastante o comportamento dentro de casa. No entanto, por se tratar de um cenário ainda desconhecido, muitos se sentiram atraídos pelas descobertas. Mas, após cerca de três meses de isolamento, nada mais é novidade, e sim, tédio.

Pelos relatos dos pais à psicóloga, as crianças estão agora entediadas, pois não há mais novidade, e elas acabam ficando tristes pela falta do que fazer. Enquanto os adolescentes, sofrem com a falta dos agrupamentos entre amigos da mesma idade, podendo se sentir solitários, sem vontade para nada, sendo assim um risco para o desencadear de doenças como ansiedade e depressão. O que, por consequência, afeta diretamente no desempenho escolar.

“Não dá para esperar que as crianças funcionem do mesmo jeito, porque a situação não é mais a mesma. Uma aula online não é a mesma coisa que uma aula presencial. Se a criança tinha uma rotina de ir para a escola pela manhã, para o reforço escolar à tarde, e também outras atividades, como as esportivas, e de repente ela só tem a aula, é muito difícil lidar. O mesmo acontece com os adolescentes, em escala diferente. Tem aumentado o índice de depressão em adolescentes, e muitos casos de automutilação, porque muitas vezes o adolescente faz porque não encontra outra válvula de escape”, aponta Denise.

Ainda conforme ela conta, alguns já está até encontrando formas de burlar a aula online. “Eles ligam o computador, estão dentro da aula, mas a câmera e o áudio estão desligados, e eles vão fazer outras coisas no computador. Isso acaba dificultando o desempenho”, disse.

E não são só as crianças e adolescentes que sofrem neste momento. Os pais também sentem em ver o estado dos filhos, além de ter que lidar com as próprias angústias. “A fora mais objetiva de lidar com a questão é deixar as coisas claras. Que os pais incentivem as crianças a falarem o que estão sentindo, o que estão achando, se estão gostando das aulas. É um trabalho de escuta que é mais do que ouvir o que a criança está falando, e sim de saber o que aqui está representando para ela”, orienta a psicóloga.

Tentar manter uma rotina, mesmo dentro de casa, também é uma das ações que deve ser adotada pelos pais, no intuito de ajudar na concentração e melhor desempenho dos estudantes. “Tudo parou, menos a vida. As crianças continuam estudando e tendo obrigações escolares, bem como os adultos ainda continuam tendo atividades. Precisa ter uma certa organização de um modo que a criança se sinta segura em manter o mesmo desempenho. Mas, por outro lado, é normal que as coisas não sejam como antes, inclusive o desempenho escolar”, pontua Denise.

De acordo com a psicóloga, se os pais perceberem que a criança ou o adolescente muda bruscamente de comportamento e se torna difícil acolher, é o momento de procurar ajuda profissional. “Principalmente se há sintoma físico de ansiedade, como insônia, muita agitação noturna, pesadelos, isso é sinal de que algo não está bem. E quando tem sintoma físico, já não está bem há algum tempo e talvez tenha piorado com a pandemia. É preciso observar se é uma ansiedade normal, ou se é uma ansiedade que causa muito sofrimento, que a criança e o adolescente não consegue lidar. Então é preciso procurar ajuda profissional”, indica.

|Da redação do JC Online

||Foto: Pixabay / Arquivo Pessoal