17/09/2020 as 08:50

ABUSO SEXUAL

MNSL já atendeu 145 vítimas de estupro este ano

Segundo delegada, casos de vítimas que não procuram a delegacia podem elevar o percentual

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MNSL já atendeu 145 vítimas de estupro este anoDivulgação

Enquanto o Monitor da Violência aponta para um aumento no número de casos de homicídios contra mulheres em 14 estados do país, as estatísticas de estupro consumado caminham na contramão, com redução em 24 das 27 unidades federativas do Brasil.

Sergipe ganha destaque nesse quesito ao registrar uma redução de 46% no primeiro semestre de 2020, segundo os dados divulgados pelo Monitor. Para se ter ideia da situação, de acordo com a Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), órgão da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP/SE), de 1º de janeiro a 16 de setembro desse ano, o Estado já registrou 123 casos de estupro, 33 casos a menos do que o computado no mesmo período do ano passado.

Concomitante a isso, dados obtidos através da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) dão conta de que, até o momento, 145 pessoas foram atendidas vítimas de violência sexual no Estado. O número de atendimentos é maior do que o número de casos notificados à polícia. De acordo com a delegada responsável pela pasta da Mulher no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), Renata Aboim, isso tem uma explicação.

“O crime de estupro é um dos crimes em que mais tem subnotificação. Muitas mulheres deixam de procurar a delegacia e denunciar o crime de estupro por vergonha, por medo de ser julgada pelos pais, ou pelo marido, pelo namorado, ou pela sociedade de uma forma geral”, explica Renata.

A delegada relata ainda que a procura por uma unidade de saúde é mais comum, uma vez que o medo da vítima em contrair uma doença ou uma gravidez indesejada é tão grande quanto o medo de denunciar o agressor.

“Muitas mulheres procuram sim o serviço de saúde, a fim de evitar uma gravidez indesejada, de evitar uma doença sexualmente transmissível, porém não vêm à delegacia denunciar. Desses números passados pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, certamente, muitas delas não procuraram a delegacia. Ainda desses casos devem ter vítimas crianças e adolescentes que não são atendidas pela Delegacia da Mulher, mas que geralmente um parente toma conhecimento e leva o caso à delegacia, mas quando o caso é com a mulher adulta fica a critério dela procurar a delegacia ou não”, pontua a delegada.

|Da equipe JC

||Foto: Divulgação