07/05/2021 as 09:44

AUMENTO DE PREÇOS

Representantes sindicais protestam contra medidas impostas pela Sergás

Segundo categoria, empresa ofereceu reajuste de 3,30%, enquanto a inflação do período foi em torno de 6%

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Representantes do Sindicato dos Eletricitários de Sergipe (Sinergia/SE) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) realizaram, na manhã desta sexta-feira, dia 07, um ato em frente à Sergipe Gás S/A, no bairro Farolândia, Zona Sul da capital, em defesa da valorização da categoria. Em pauta, discussões sobre a data-base dos trabalhadores, efetivação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), regularização do reajuste salarial e atualização da participação nos resultados da empresa.

De acordo com o secretário-geral do Sinergia/SE, Gilton dos Santos, a data-base da categoria deveria ser definida no mês de janeiro, contudo, até o momento, nem o Acordo Coletivo vem sendo cumprido. Ele também denunciou que a Sergás ofereceu um reajuste abaixo do índice inflacionário do período e, por conta disso, todos os trabalhadores rejeitaram a proposta enviada pela estatal. "Nós tivemos uma assembleia a semana passada, onde os trabalhadores rejeitaram por unanimidade, porque a empresa trouxe uma proposta pífia de uma inflação de 3.30%. Isso foi rejeitado em assembleia geral dos trabalhadores e uma nova proposta foi mandada à empresa para eles analisarem. E a gente dizendo o que é que os trabalhadores querem. Nós queremos respeito e dignidade. Porque, até agora, na última rodada de negociação, a Sergás faltou com respeito a comissão de negociação, a representação do sindicato e a representação na mesma negociação. Os trabalhadores daqui do estado de Sergipe, seja ele de qual categoria for, seja ele liberal ou não, não vão arrefecer de modo algum. Nós vamos lutar por esses trabalhadores, porque a luta é permanente”, afirmou.

Em seu entendimento, a questão do aumento do gás é um mito, pois, até o momento, não se foi informado qual impacto que esse reajuste traria à população. “Por conta disso, nós vamos implementar uma campanha de luta por esse abuso. Nós não podemos deixar que nenhum trabalhador seja liberal ou não, seja prejudicado. Os taxistas estão sofrendo. Hoje eles não estão conseguindo levar para a sua casa a mesma quantidade de alimento que levava antes do reajuste que a Sergás aplicou. Então, nós vamos lutar. Vamos tomar uma medida contra esse aumento abusivo, seja ele como numa ação como essa que nós fizemos aqui hoje na porta da Sergás, seja ele uma ação jurídica. Vamos lutar, junto, contra todos que trazem nocividade para a classe trabalhadora", reforçou Gilton.

O presidente da CUT/SE, Roberto Silva, explicou que a política abusiva de aumento do gás, tanto do gás veicular, quanto do de cozinha industrial e comercial, é inaceitável. Para ele, é preciso que haja valorização dos trabalhadores antes de qualquer decisão que venha ferir esses profissionais. "Nosso apoio diz respeito política abusiva de aumento do preço do gás, tanto do gás veicular, como do gás de cozinha industrial e comercial, que é um aumento absurdo do preço e, ao mesmo tempo, na medida em que a empresa está aumentando o preço do gás para a população em geral, existe um processo de negociação junto com os trabalhadores, fator que, em nossa avaliação, é inaceitável. Na medida em que a empresa está aumentando a sua rentabilidade e não apresentando a política mínima de valorização dos trabalhadores, a gente entende que é necessária uma readequação no salário dos trabalhadores. O aumento salarial ele é mais do que necessário nesse momento”, pontuou. 

Representando os motoristas de táxi e aplicativos, o condutor Waldson Ales detalhou como tem sido difícil manter a renda em decorrência dos constantes aumentos praticados. “Trabalho na Barra dos Coqueiros também como taxista, sou permissionário, e, em Socorro, trabalho como defensor. O aumento do gás influencia muito na renda da gente, que é defensor também, porque como, eu sou permissionário na Barra, defendo em Socorro, aí, na hora do abastecimento, percebi que tudo ficou muito caro. Antes, com R$ 25,00 ou R$ 30,00 enchia o tanque facilmente. Hoje, quando vai em um posto, chega a R$ 50,00 ou R$ 55,00. Quer dizer, então não estão tirando mais do dono do carro, estão tirando do bolso do defensor, que é o quem menos está ganhando agora. E outra, hoje em dia, nós temos horários a cumprir. Antigamente, nós poderíamos rodar de 04h da manhã até o outro dia, às 04h quatro da manhã. Hoje, nós só podemos rodar até às 22h. Tirou mais um empregado. Isso significa que, hoje em dia, um defensor não pode mais defender o seu táxi até 04h da manhã, por causa das normas. Ou seja, eles aumentam, 40%, mas não tiraram isso do dono do carro, eles tiraram foi do defensor”, disse.

Procurada para falar sobre o assunto, a Sergás informou, por meio de nota, que o repasse para as tarifas do aumento médio do preço na tarifa do gás natural anunciado pela Petrobras de 38,83% independe da vontade da Companhia e não resultou em nenhum ganho para a mesma. “Tal reajuste elevou o preço médio do GNV para R$3,777/m³. Os preços praticados no mercado do gás natural são definidos pela Petrobras, levando-se em conta a variação no mercado internacional do petróleo e seus derivados, assim como a cotação do dólar no período. Paralelo ao reajuste, a Sergás tem adotado medidas, em conjunto com o Governo do Estado, para mitigar os efeitos do reajuste anunciado pela Petrobras, única supridora do insumo”, revelou.

Já em relação ao Acordo Coletivo de Trabalho, a estatal comentou que solicitou a pauta de reivindicações desde o mês de outubro de 2020 e, segundo a empresa, somente em 26 de fevereiro de 2021 o Sinergia-SE encaminhou à Companhia a referida pauta. “O processo de negociação segue normalmente entre as comissões de trabalhadores e a companhia. Até o momento já foram realizadas três reuniões. A mesa de negociações prossegue e a Sergás continua aberta para o diálogo, na expectativa de um bom acordo coletivo, traduzindo-se em respeito e atenção aos seus empregados e que irá valorizar ainda mais os trabalhadores”, garante.

Ainda em nota, a Sergás que, sobre o Programa de Participação nos Resultados, o eventual pagamento relativo ao ano de 2020, conforme regramento acordado entre a estatal e os empregados, depende da aprovação, por parte da Assembleia Geral Anual de Acionistas, existindo um rito administrativo ainda a ser cumprido. “Até o momento todos os acontecimentos fazem parte das tratativas acordadas”, complementa.

A nota encerra explicando que a Sergás tem por costume sempre dispensar grande atenção ao processo de negociação com os trabalhadores todos os anos. “A companhia está bastante otimista de que como acontece em todas as negociações, chegará a um acordo que seja benéfico para todos, lembrando que o processo de negociação está ainda no seu início”, finaliza.

|Por John Santana/Da equipe JC

||Fotos: Iracema Corso/Divulgação