15/10/2021 as 09:03

PROFISSIONAL

Dia do Professor: dedicação e muito amor definem profissão

Profissionais falam sobre frustrações e realizações no exercício do magistério

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Dia do Professor: dedicação e muito amor definem profissão

Neste dia 15 é comemorado o Dia do Professor. Uma das profissões mais antigas que existem e que é tão necessária para a evolução de uma sociedade. Dedicação, amor e dom são alguns adjetivos que marcam os profissionais das salas de aula, sobretudo em tempos de pandemia da Covid-19, onde os desafios dos professores redobraram.

Com 32 anos de sala de aula, Elba Maria Alves é um dos mais de 8.800 professores da rede estadual de ensino em Sergipe. A trajetória, segundo ela, não foi fácil, mas é recompensada pela interação e o crescimento intelectual e pessoal dos alunos. “Eu vejo hoje o grande resultado dos meus alunos. Os profissionais que eles se tornaram e que vão se tornar. Como eles se tornaram cidadãos que pregam pela justiça, pela verdade e que vão praticar o bem”, aponta a profissional.

Para Elba, ser professor vai muito além do que apenas passar conteúdo, é também criar vínculo de amizade e formar cidadãos de bem. “Eu me sinto altamente realizada em ser a profissional que sou. Agradeço os meus alunos por todo ensinamento compartilhado comigo. Hoje eu sei a importância do vínculo de amizade que o professor tem que ter com o aluno. Não é só passar conhecimento, é perceber que os alunos têm habilidades e desperte o lado profissional dele”, disse.

É na relação com os alunos que Elba se apega durante esses 32 anos de profissão. Segundo ela, o reconhecimento profissional por parte do poder público sempre foi falho, mas ainda assim ser professora foi “o maior presente da vida dela”. “Em termos de dificuldades que porventura aconteceu foram de falta de reconhecimento e valorização profissional. Eu enfrentei desgaste emocional em algumas atividades, por falta de mecanismos. Infelizmente não há um despertar da grande importância da nossa profissão para a sociedade. Os órgãos gestores de educação deveriam valorizar mais o professor”, avalia.

Para o professor Paulo Roberto Alves Teles, que atua há 15 anos na área em diversos níveis de ensino, do fundamental menor ao ensino superior, em instituições públicas e privadas, a realização profissional não é algo que se encerra. Professores transitam entre frustrações e realizações cotidianamente, segundo Roberto. “Atualmente não me vejo em nenhuma outra profissão que não seja a educação, por outro lado, também penso que existem muitas formas de participar do processo educativo. Eu me descobri professor. Sempre tive vontade de ser um ponto de mudança para a realidade ao meu redor. A educação me deu a possibilidade de ser um instrumento de transformação e de constante contato com diferentes pessoas e realidades, isso me encanta.

Eu comecei ensinando amigos e os ajudando nas disciplinas de humanas e linguagens para a prova do vestibular. Acabei me identificando e optei pelo curso de História Licenciatura”, conta o professor. No decorrer da profissão, ele teve a oportunidade de conhecer muitas pessoas e suas histórias, e cada uma trouxe um aprendizado. “Quando estive na rede pública tive contato com diferentes realidades e em certo momento conheci uma garota que havia sobrevivido a uma tentativa de assassinato. Ela tinha todo o corpo carbonizado e marcado por cicatrizes, além da sua autoestima ter sido seriamente abalada. Ela era uma criança de apenas 12 anos. Foi muito difícil e desafiador para mim, os demais alunos da classe tinham muita rejeição a ela, mas com o passar dos meses, ela acabou sendo amplamente inserida e na turma”, relembra Roberto.

Ele continua: “Ser professor hoje significa ser um dos últimos pilares de idealismo em uma sociedade em crise. As pessoas costumam pensar no professor no dia 15, mas muitas vezes ignoram que somos nós professores que continuamos a acreditar na possibilidade de uma sociedade melhor, de um país melhor. Mesmo com péssimas condições de trabalho, baixos salários, cursos de formação defasados, ainda assim com inúmeras coisas que nos fariam desistir, continuamos de pé. Então, eu penso que o professor é, ‘antes de tudo, um forte’. Um indivíduo que muitas vezes abre mão da própria vida pessoal em prol de um sentimento de solidariedade social, isso não pode ser ignorado”, avalia o profissional.

|Por Laís de Melo
||Foto: André Moreira