27/01/2022 as 15:22

UFS

Adufs aprova suspensão do retorno presencial

“Alunos devem ter argumentos científicos, não individuais”, diz presidente da associação

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A Universidade Federal de Sergipe (UFS) foi umas instituições que decidiram manter o ensino remoto até que os discentes, docentes e servidores completassem o esquema vacinal. Assim, após avaliação do cenário epidemiológico, a Universidade decidiu o retorno das aulas presenciais para o dia 31 de janeiro de 2022. No entanto, após o aumento do número de casos de Covid-19 e do surto da gripe Influenza H3N2, surgiu a dúvida e a preocupação por parte da comunidade acadêmica sobre a segurança do retorno presencial.

No último dia 10, em conversa com Valter Santana, reitor da UFS, ele explicou ao JORNAL DA CIDADE que a data estava mantida, mas que reuniões semanais seriam realizadas para acompanhar a situação. Além disso, após ação do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (Sintufs), a Justiça determinou que a instituição deveria exigir comprovante de vacinação nas dependências do campus. Com isso, o retorno foi ainda mais confirmado.

Nesta terça-feira, 26, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs) divulgou nota aprovando a suspensão do retorno presencial/híbrido a partir de 31/01 e propondo manutenção do ensino remoto. “Como garantir proteção à saúde, por exemplo, no deslocamento entre as residências e a universidade? Como se proteger em ônibus superlotados, quando não se sabe quem ali está vacinado? Como ter segurança sanitária em salas de aula com ventilação inadequada? Estas e outras questões têm preocupado as professoras e professores da Universidade Federal de Sergipe, que discutiram, ontem (25), em Assembleia Geral da categoria, o alarmante cenário da covid-19 no estado, no Brasil e no mundo. Visando a garantia da vida de toda a comunidade acadêmica e suas famílias, os/as docentes aprovaram, por ampla maioria, a suspensão do retorno das atividades presenciais ou híbridas na UFS a partir de 31 de janeiro”, diz parte do texto.

Com a nota, a decisão não foi bem recebida por grande parte dos alunos, que apoiam o retorno das aulas, causando discussões nas redes sociais. No Twitter, um estudante fez publicação em tom crítico à Adufs: “a nota da ADUFS é totalmente desconexa da realidade. Desconsidera o fato de que alunos e professores já estarem recebendo a 3º dose e de que as turmas retornarão de forma reduzida”, diz o usuário.

Com isso, o JC entrou novamente em contato com o reitor Valter Santana, que informou ter participado de reunião com o Comitê Técnico Científico na tarde de ontem, quarta-feira, 26, e afirmou que irá ser realizado um novo encontro na tarde desta quinta-feira, 27, para definir, de forma absoluta, a volta no dia 31 de janeiro e as deliberações das medidas sanitárias para segurança de todos.

ADUFS
O presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs), Venâncio Romero, se posicionou sobre a nota emitida pela associação. “A assembleia da Adufs é uma assembleia política, não é uma decisão administrativa, quem decide administrativamente é a reitoria. Nossa decisão é uma decisão de pressão, a partir de uma avaliação científica de que tem aumentado assustadoramente e notoriamente o número de pessoas infectadas pela nova variante”, reitera.
Questionado sobre as opiniões contrárias à decisão do sindicato, o presidente afirma que os estudantes devem se apoiar em argumentos científicos.

“Quanto aos estudantes, quem tem que ouvir os estudantes é a reitoria. Os estudantes têm que apresentar argumentos baseados em ciência, porque não pode ser apenas argumento individual. ‘Ah, eu já me mudei e agora preciso ter aula presencial, isso não é argumento, é uma decisão pessoal. Argumento é: cientificamente estamos ou não numa pandemia? Cientificamente há ou não possibilidade de contágio se voltarmos às aulas presenciais? Até porque não temos controle da vacinação da UFS, porque somos mais de 20 mil estudantes e mais de 1.500 professores. Então, nesse sentido, os estudantes podem sim pressionar a reitoria, mas com argumentos científicos. O nosso papel é prioritariamente a segurança no Campus para a aula tranquila, e isso não existe. Essa é a posição da Adufs”, ressalta.

DCE
Na noite desta quarta-feira, 26, o Diretório Central dos Estudantes (DCE), gerido pela chapa Resistir e Esperançar, publicou nota em seu Instagram, como uma forma de explicar aos alunos o seu posicionamento frente as discussões levantadas no momento. “A gestão RESISTIR E ESPERANÇAR defende a modalidade de Ensino Híbrido como formato emergencial para a transição das atividades presenciais. Diferentemente dos últimos dois semestres remotos, estamos presenciando neste momento o avanço da vacinação contra Covid-19 e sua eficácia na população brasileira. Para avançar nesse retorno presencial, é necessário por parte da Reitoria transparência e o cumprimento protocolo institucional de biossegurança neste ensino híbrido”, explica o Diretório.

“Entendemos que são incalculáveis os prejuízos materiais e de aprendizagem com o não retorno às salas de aula neste período. Que qualquer decisão a poucos dias de 31 de janeiro deverá considerar também os gastos para deslocamento e aluguel de estudantes de outros estados e municípios de Sergipe. O DCE tem se somado às tentativas de diálogo em conjunto com a Reitoria e sindicatos para a efetivação do retorno presencial seguro na UFS em 2022. Consideramos que o passaporte vacinal, após decisão judicial conquistada pelo pelo Sindicato dos Técnicos Administrativos da UFS (SINTUFS), irá favorecer a convivência no ambiente universitário se combinado aos demais cuidados sanitários, como o uso permanente de máscaras, higienização das mãos e ventilação das salas”, analisa.

SINTUFS
O JC também procurou o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação da UFS (Sintufs). Em nota, foi explicado que o seu debate gira em torno da insegurança dos trabalhadores, por isso a exigência do comprovante de vacinação.

“A luta do SINTUFS é por um retorno seguro, com comprovante vacinal de toda a comunidade acadêmica, melhoria das medidas de segurança e controle com testagens, respeitando as deliberações científicas do Comitê designado pela UFS. Foi neste sentido que entramos com a Ação Civil Pública e conseguimos a exigência do passaporte vacinal na Justiça. O que temos debatido é a situação de insegurança que as trabalhadoras e trabalhadores em educação têm vivido presencialmente desde outubro, e cobrado da administração que se as aulas retornarem, seja no modelo híbrido ou presencial, que sejam respeitados os protocolos do Comitê de Biossegurança da UFS. Respeitamos as deliberações de todas as categorias representativas da UFS, como ADUFS e DCE, pois todas possuem elementos para avaliação da realidade de seus representados”, diz o sindicato.

 

|Por: Taís Félix 

| Supervisão de Nayana Araujo