04/09/2024 as 08:09

MERCADO

Leilão de saneamento de Sergipe terá lance mínimo de R$ 2 bilhões

Pelo menos seis grupos estudaram o ativo, mas as propostas devem se restringir à Iguá Saneamento, à Aegea e à BRK Ambiental, além da gestora Pátria Investimentos.

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Um dos leilões de saneamento mais aguardados do mercado nos últimos anos acontece nesta quarta-feira, 4, na sede da B3, em São Paulo. O governo de Sergipe vai promover a concessão do sistema de distribuição de água e tratamento de esgoto do estado, em uma disputa que atraiu grandes grupos do setor, segundo disseram à Bloomberg Línea, fontes envolvidas nas negociações. Pelo menos seis grupos estudaram o ativo, mas as propostas devem se restringir à Iguá Saneamento, à Aegea e à BRK Ambiental, além da gestora Pátria Investimentos.

Com estruturação feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o leilão terá como critério o maior valor de outorga, com lance mínimo de R$ 2 bilhões. O investimento estimado ao longo do contrato, de 35 anos, é de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. O projeto sobre a concessão prevê a universalização dos serviços de água e esgoto para cerca de 2,3 milhões de pessoas em 74 municípios do estado. A modelagem é de bloco único, diferentemente de outros leilões realizados nos últimos anos, como o de Alagoas e o do Rio de Janeiro.

Nos dois casos, as concessões foram divididas em lotes de municípios. O leilão de Sergipe acontece após um hiato em concessões de saneamento. No ano passado, decretos do governo federal geraram incertezas ao setor, principalmente em relação à continuidade dos contratos, sem licitação, por parte das companhias estaduais estatais com municípios. De acordo com o presidente da Agência Sergipe de Desenvolvimento (Desenvolve-SE), Milton Andrade, a modelagem do leilão vem sendo aprimorada há anos e busca oferecer segurança jurídica. “Não é possível prever quem vai ocupar a cadeira do governador nas próximas décadas. Nossa modelagem passa segurança para o operador”, afirmou. “Além disso, Sergipe tem o menor custo de universalização do Brasil, em uma receita que dá certo. A atratividade do leilão demonstra a confiança do mercado no nosso modelo”, completou.

Segundo especialistas, Sergipe tem um conjunto de diferenciais que explicam a atração firme de investidores do setor de saneamento. O primeiro é o seu tamanho: trata-se do menor estado do país. Além disso, mais de 90% da população já tem acesso ao serviço de abastecimento de água, o que deve facilitar o processo de universalização para o novo operador. Os estudos para a universalização do saneamento no estado tiveram início antes mesmo da aprovação do novo marco regulatório do setor, em 2020, o que permitiu a evolução dos modelos.

A companhia estatal de saneamento de Sergipe (Deso) continuará responsável pelo suprimento de água bruta e tratamento do insumo. Também fornecerá água para os clientes industriais e comerciais. A Iguá Saneamento, uma das principais operadoras privadas do país, é esperada para disputar o projeto, como acima citado. A grande conquista da empresa no setor, até o momento, foi o bloco 2 da companhia estadual do Rio de Janeiro (Cedae), para o atendimento de cerca de 1,2 milhão de pessoas. Procurada pela Bloomberg Línea, a Iguá confirmou sua participação no leilão.