09/07/2019 as 08:27

Entrevista/Luca Piñero

‘Todos somos reis e rainhas de nossas vidas’

O grupo ‘Palco dos Sonhos’ cabe bem no universo de Luca Piñero, jovem produtor cultural e diretor de ‘Rumpelstiltskin’, uma montagem teatral em cena no Museu da Gente Sergipana até o dia 3 de agosto, todos os sábados, às 16h, na programação do projeto Teatro no Museu. Com cultura e a filosofia (ele chegou a fazer alguns períodos do curso de Filosofia na Universidade Federal de Sergipe) nas entranhas e na cabeça, Luca evidencia bem isso nas produções. Nesta entrevista exclusiva ao JORNAL DA CIDADE, Luca Piñero, um argentino com dupla nacionalidade, fala um pouco sobre a sua mais recente produção e da sua trajetória nas artes cênicas.

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‘Todos somos reis e rainhas  de nossas vidas’Foto: Arquivo Pessoal

JORNAL DA CIDADE -
O que levou a Companhia Palco dos Sonhos a recriar ‘Rumpelstil tskin’, uma obra do século XIX, e com um nome esquisito, difícil de se pronunciar (risos)? Qual a mensagem que a Companhia Palco dos Sonhos quer passar ao público?
LUCA PIÑERO - Um estudo feito por mim sobre os Contos dos Irmãos Grimm me levou a Rumpelstiltskin, fiz então uma pesquisa sobre o personagem e a partir das referências que encontrei montei a dramaturgia. No texto, questiono o “poder”, quem o tem e por quê? A mensagem é que todos somos reis e rainhas de nossas vidas.

JC - Qual o tempo de produção da peça? Entre a ideia, criação e estreia?
LP - O texto foi escrito em dezembro de 2016, mas apenas foi posta em prática sua montagem em dezembro de 2018, onde fizemos a primeira reunião de elenco e demos início aos ensaios e à produção, que se estendeu até a estreia, em 22 de junho.

JC - Conte um pouco, sem dar spoiler, sobre a história de Rumpelstiltskin?
LP - Sophia é levada ao castelo real com a impossível missão de transformar palha em ouro. Lá conhece o Guarda, Melissa e Rumpelstiltskin, que oferece a Sophia uma barganha para fazer-lhe o serviço. Sophia não sabia que seria envolvida em um longo jogo de barganhas pela astuta criatura, e se prepara para enfrentar Rumpelstiltskin e desfazer sua última barganha.

JC - Qual o público que você espera atrair, e como está a aceitação desse público?
LP - A montagem está pensada para atrair todos os públicos e vem cumprindo bem sua intenção. As cores, a movimentação e as falas captam a atenção de todo o público.

JC - Fazer teatro no Brasil é um desafio? E em Sergipe?
LP - Todos os campos de ação profissional têm suas dificuldades e peculiaridades, a questão é conhecê-las, encará-las e lidar com elas da melhor maneira possível.

JC - Fale um pouco da companhia Palco dos Sonhos.
LP - A empresa existe desde 2016 e nasceu com a proposta de ser um grupo de teatro. Mas em 2018 mudei meu pensamento e decidi ser mais abrangente, produzir não só teatro. Tendo um núcleo de produção, ao invés de um grupo de atores, podemos produzir boa arte em vários âmbitos. O Palco dos Sonhos hoje conta com Artur Costa, Luca Piñeyro, Vanessa Carranza e Wallace Moreira, além disso, no elenco de nossa produção temos Amadeu Neto e Ingrid Yamamoto, que também participou da direção de arte do espetáculo com Artur Costa e Bruno Piñeyro, que fez a direção musical do espetáculo. Com a nova roupagem que foi dada ao Palco dos Sonhos, consideramos esta nossa primeira produção, mas iremos sem dúvidas produzir bastante. As metas para este ano são continuar a trabalhar em Rumpelstiltskin e planejar as produções de 2020.

JC - Agora fale de você, sua produção artística e vivência com a cultura e teatro.
LP - Entrei no mundo das artes cênicas em meados de 2014, trabalhando com a Cigari. Em 2015 participei do curso de formação de atores do grupo Imbuaça e em 2016 iniciei o Palco dos Sonhos, que na época se chamava Companhia dos Sonhos. Produzi meu primeiro espetáculo, ‘Fantasia’, e participei da produção do Aldeia Sesc e do espetáculo ‘O Grande Circo Gentil’. Em 2017, participei novamente da produção do Aldeia Sesc, produzi meu segundo espetáculo, ‘Uma Viagem ao Fantástico Mundo do Saber’, e fui convidado a circular com o Grupo Teatral Boca de Cena, pelo circuito do Sesc, Palco Giratório, maior projeto de circulação de artes cênicas da América Latina. Durante o Palco Giratório, tive a ideia de expandir e não ser apenas um grupo de teatro, mas focar na produção e ao fim do Palco Giratório iniciei a montagem de Rumpelstiltskin. Escrevo desde os 16 anos contos e poesias e ao ingressar nas artes cênicas passei também a escrever peças de teatro, tendo escrito mais de 50 textos desde então.