26/08/2019 as 10:29

ENTREVISTA/CULTURA

‘Os corpos se unem pelo propósito envolvente da memória’

Everaldo Pereira dos Santos, nascido em Sergipe/Brasil, formado em Londres pela London Studio Centre, é diretor e coreógrafo da Nu Tempo Dance Company, existente há 21 anos, entre o Reino Unido, Europa e Brasil. Na busca contínua de novas formas de expressão através do corpo, ele apresenta o conhecimento e conceito de dança contemporânea, somando espetáculos inovadores e colecionando aplausos. Atualmente no Brasil, tem realizado alguns espetáculos como “Dreams” revelando o movimento do corpo cotidiano e sua psiquê no mundo onírico, e “Lembranças de uma época”, uma nova roupagem da cultura nordestina a partir dos movimentos contemporâneos, o qual foi vencedora do Ballace Festival Nacional de Dança 2019, e indicada para o Festival Danzamérica, em Córdoba, na Argentina. Foi sobre essa indicação internacional e muito mais que ele conversou com o JORNAL DA CIDADE. E mais. Ele já avisa que no dia 14 de setembro, a partir das 16h, acontecerá a III Virada Cultural da Nu Tempo, na Aldeia Circo, com programação infantil, atrações musicais sergipanas e performances artísticas. O objetivo é arrecadar recursos para o custeio da viagem da companhia para o festival na Argentina. Boa leitura!

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‘Os corpos se unem pelo propósito envolvente da memória’Foto: Divulgação

JORNAL DA CIDADE - O que é o espetáculo “Lembranças e Uma Época”, que será apresentado em Córdoba, Argentina, no tradicional Festival Danzamérica?
EVERALDO PEREIRA - O espetáculo “Lembranças de uma época” apresenta a roupagem da cultura nordestina a partir do estudo de tradições e costumes transpassados e reinventados por gerações. Os corpos se unem pelo propósito envolvente da memória, por vertentes artísticas diversas onde a linguagem contemporânea é a protagonista. A ideia do espetáculo surgiu em 2018, a partir de uma memória coreográfica com a bailarina Cleanis Silva, do período em que eu e ela participávamos do antigo Corpo Municipal de Dança de Aracaju.

JC - Acredita que a seleção para a participação no Festival Danzamérica resulta de um trabalho em que resgate e atualidade se mostram presentes na dança?
EP - Sim, por ser um trabalho original e de pesquisa corporal, através de experiências vividas por mim mesmo, com uma verdade e emoção muito forte, valorizando a cultura brasileira e nosso Nordeste.

JC - Além das apresentações, você também irá ministrar uma oficina durante o festival. Qual será? E como encara esse internacional encontro e troca de vivências?
EP - Não no Festival Danzamérica, em que iremos participar, mas sim em Buenos Aires, onde irei ministrar oficinas de Afro Contemporâneo, nos dias 27 e 29 de setembro, no Open Gallo - Gallo 241. Encaro esse encontro com certa naturalidade, pois venho fazendo esse intercâmbio artístico há muito tempo.

JC - Com toda a trajetória que possui nos palcos e escolas entre Londres, na Inglaterra, e no Brasil, é possível traçar uma breve análise de desafios entre esses dois mundos da dança?
EP - O maior desafio é conseguir, através da linguagem, conduzir e traduzir a emoção e cultura brasileira para os ingleses, pois os mesmos têm dificuldade de aplicar nos próprios corpos tais movimentações e sentimentos.

JC - E superar esses desafios, inspirar-se na própria cultura e alcançar o reconhecimento diante de tantos prêmios já conquistados com “Lembranças de Época” faz deste trabalho um “ganha fôlego” para seguir adiante ou mesmo ratificar a identidade do grupo?
EP - Este trabalho em específico realmente trouxe muito fôlego e reconhecimento por conta dos prêmios conquistados. Porém, a nossa identidade vai além desse trabalho, pois a Nu Tempo tem uma diversidade de espetáculos que adaptam a qualquer tempo e situação com a mesma grandiosidade que “Lembranças de uma Época” apresenta.

JC - Todos os anseios, neste momento, estão voltados para essa participação no festival na Argentina ou vocês estão se apresentando por aqui até a viagem?
EP - A Nu Tempo não para. Estamos fazendo inúmeras apresentações aqui em Sergipe, mas com o foco em arrecadar fundos para a viagem, tal como o evento Virada Cultural que será no dia 14 de setembro, em parceria com o Aldeia Circo. Produzimos também para eventos particulares, entre outros trabalhos que estamos envolvidos.

JC - Já existem novos voos para “Lembranças e Uma Época” após a Argentina?
EP - Sim, já estamos fechando parceria pelo Brasil e também com contatos com a cena artística da Inglaterra e Canadá.