30/08/2019 as 11:07

Cultura/Música

Quinta Instrumental reúne Saulo Ferreira e Trio Madeira Brasil

É no Centro que está o coração de uma cidade, e uma forma eficaz de chegar a esse núcleo é por meio da música.

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Quinta Instrumental reúne Saulo Ferreira e Trio Madeira BrasilFoto: André Moreira
Projeto já consolidado na programação cultural da capital sergipana, o Quinta Instrumental tem como um dos princípios atrair o público para a linguagem melódica das músicas e movimentar o Centro da cidade. Na quinta-feira, 29, o projeto realizado pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), aliou o talento do guitarrista sergipano Saulo Ferreira à experiência do Trio Madeira Brasil, do Rio de Janeiro, e reuniu o público na Praça General Valadão. 
 
O palco montado ao lado do Centro Cultural de Aracaju, mais do que cenário para apresentações, se transformou em um dos atuais símbolos do resgate cultural à região central da cidade. Em mais uma edição do Quinta Instrumental, os olhares e ouvidos se voltaram para a performance do dedilhar na guitarra de Saulo e para o som genuinamente brasileiro do chorinho entoado pelo trio carioca. 
 
Responsável por abrir as apresentações da noite, Saulo Ferreira que, inclusive, já tem na bagagem o prêmio de Ordem de Mérito Cultural, recebido em Brasília em novembro passado, levou ao projeto parte das composições do seu álbum “YAM” e algumas novidades inéditas. O músico ressaltou o divisor de água que o Quinta Instrumental se tornou. 
 
“Costumo dizer que nem todas as capitais têm uma estrutura como essa, uma música instrumental a céu aberto, de graça. É um privilégio para a cidade. O balanço geral que faço é que é uma iniciativa essencial já que a música instrumental tem um caminho paralelo porque não é uma música midiática, não é costume ouvir música instrumental, então, o projeto traz um diferencial. Já participei em outras edições e, nesta última, tive a satisfação de dividir o palco com Zé Paulo Becker, que já havia conhecido em um curso que ministramos na universidade. Vê-lo novamente, e em ação, foi ótimo”, afirmou. 
 
Tirando da bagagem e apresentando para o público do Quinta Instrumental, os músicos do Trio Madeira Brasil têm como experiência turnês e festivais no Brasil e no exterior (França, Itália, Áustria, Bélgica, Suíça, Chile, Colômbia, Portugal e Rússia) e já gravou e acompanhou ícones da música como Guilherme de Brito, Baden-Powell, Chico Buarque, Egberto Gismonti, Zé Renato, entre outros. Nesta quinta-feira, o Centro de Aracaju foi testemunha do talento expresso em forma de chorinho. 
 
“Estamos muito felizes por participar do projeto. Já estamos caminhando para 25 anos de grupo, então, ficamos contentes por trazer o nosso trabalho a Aracaju. Damos os parabéns por essa iniciativa tão importante para a nossa cultura. Esse projeto que não só traz a música, mas a formação de público da música instrumental. Ficamos honrados em participar. Acho importante a Prefeitura trazer essa música porque é uma música que comunica. O choro, a música brasileira tem comunicação, tem ritmo, é dançante, é popular, independente da sofisticação dela, então, é necessário resgatar isso. Vai além de um simples entretenimento, traz junto toda a cultura brasileira, é uma coisa da identidade”, considerou José Paulo Becker, integrante do Trio Madeira Brasil. 
 
O instrumental que movimenta 
 
É no Centro que está o coração de uma cidade, e uma forma eficaz de chegar a esse núcleo é por meio da música. Quando esta é de qualidade, forma, expande, germina cultura. Foi justamente atraído pela música que o escritor Djenal Gonçalves se tornou admirador cativo do Quinta Instrumental.
 
“Faço questão de prestigiar o evento, vim para todos porque eu sempre achei que tivesse uma lacuna aqui em Sergipe e o projeto veio para suprir. Eu morava em Brasília e sempre frequentei o Clube do Chorinho e sentia falta disso em Aracaju. Não perco o Quinta Instrumental e o que eu puder fazer para trazer gente, farei porque vale muito”, destacou. 
 
Como observador de pessoas e de seus costumes, o sociólogo Luige Costa entende a relevância de agregar iniciativas ao Centro da cidade. “Historicamente, o Centro sempre foi meio que deixado de lado. Trazer uma experiência dessa, em dia de semana, à noite, sobretudo em um horário de fim de expediente é fundamental, é expressivo. O Quinta Instrumental reúne um público extremamente diverso. A gente vê jovens que têm frequentado e isso tem me chamado muito a atenção. Outra questão é a possibilidade de encontrar um público que naturalmente não encontraria, ser apresentado, passar a gostar, passar a conhecer os projetos autorais que existem no estado e um tipo de música que ainda existe barreiras, que é a instrumental. Venho sempre que posso e valorizo muito a iniciativa”, considerou. 
 
Com olhar sensível à cultura, a jornalista Suyene Correia pontuou a representatividade do Quinta Instrumental. “Acho o projeto de suma importância no que se refere a ter acesso a determinados gêneros musicais que, de repente, muita gente acha que está confinado a teatro, a salas de conservatório, quando não é verdade, prova viva é o Quinta Instrumental que dá a oportunidade, não só aos artistas locais que fazem música instrumental também se apresentarem, como, obviamente, trazer nomes que são referências nacionais, quiçá internacionais. Acho importante também esse intercâmbio. Esses músicos de fora também têm a oportunidade de conhecer os talentos da terra. Então, é um projeto que não deveria acabar nunca. Vale lembrar, ainda, que é gratuito e qualquer pessoa pode chegar e conferir música instrumental de alta qualidade. Vida longa ao projeto Quinta Instrumental”, acentuou.