26/11/2019 as 09:37

Poeta

Francisco Pippio lança ‘Modo de Falar às Coisas’

Noite de autógrafos acontece próximo dia 29, a partir das 18h, no Centro Cultural de Aracaju

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Sem pressa, na calmaria que o imaginário provoca ao pensar numa casa no campo ou qualquer outro cenário natural distante dos centros urbanos, o poeta Francisco Pippio se debruçou sobre o papel e deu cria a cerca de 50 poemas que integram o segundo livro do gênero: ‘Modo de Falar às Coisas’. Num convite ao despertar para a observância do simples e refletir sobre a complexidade escondida e mesclada às próprias vivências, ele lança o mais novo livro no próximo dia 29, às 18h, no Centro Cultural de Aracaju, situado à rua General Valadão.


“Meu primeiro livro lançado foi em 2006, intitulado ‘As Cidades’, no qual apresento uma visão mais urbana, o concreto das coisas e pessoas. Já este é mais rural, rememoro a vivência no interior, instigando a percepção e significância que parecem insignificantes. E são as pequenas coisas, bichos e ações e simples que possuem um grande significado para a poesia e, é através dela, que damos voz aos objetos, aos insetos, às coisas aparentes. É um convite à observação”, disse o escritor, ressaltando a admiração por Manoel Bandeira.


Com uma linguagem fortemente substantiva, focada nos acontecimentos e nas coisas, os poemas retratam pequenas histórias, que remetem à memória ou ao imaginário das pequenas cidades brasileiras, que mantêm viva a tradição oral de “causos” e histórias de assombração. Para tanto, o autor utiliza formas livres, sem métrica, nem rima e poucas figuras de linguagem (mais a hipérbole do que a metáfora), em busca de uma deliberada simplicidade.


“Entre o primeiro e esse segundo livro de poemas, publiquei o livro infantil ‘Cutucando a Onça com Vara Curta’, em 2016, em que tem o imaginário do ser criança. Neste novo livro, ao tempo livre, sem amarras, apenas com o desejo de reunir textos com uma temática coerente, delimitada, iniciei os textos e, agora, apresento meu novo livro com o desejo de que as pessoas aceitem esse convite, leiam e venham comigo até o horizonte que imagino a cada escrita. Acredito que deixei evidente esse convite através do meu olhar no poema homônimo do livro”, destacou Francisco Pippio.


Numa recepção calorosa e compartilhar de admiração recíproca, o poeta e cronista Amaral Cavalcante resumiu, ao jeito peculiar, o que achou do novo livro de Francisco Pippio. “O poeta Francisco Pippio é um trabalhador da palavra crua, da imagem sincera numa linguagem veloz que fortalece o poder da simplicidade da palavra”. Do mesmo modo, o poeta, crítico literário e membro da Academia Brasileira de Letras, Antônio Carlos Secchin, que assina a orelha do livro, ressaltou a características da obra. “A relação lúdica com a paisagem natural, na cena da poesia moderna, é uma vereda que parte da ‘Cobra Norato’, de Raul Bopp, intensifica-se em Manoel de Barros e deságua no ‘Modo de Falar às coisas’, de Francisco Pippio”, escreveu.

“Para mim, é uma honra receber essas opiniões de quem acompanho desde sempre e que admiro a forma da escrita como faz Amaral Cavalcante. E, também, tenho a honra de ter Antônio Carlos Secchin escrevendo na orelha desse novo trabalho. Estou feliz em receber esse carinho e saber que estou no caminho certo diante dessas lindas palavras e análises desses escritores”, afirmou Francisco.

Sobre ele
Natural de cidade de Graccho Cardoso, o poeta Francisco Pippio é professor de Sociologia e advogado. Com uma caminhada longa na literatura, foi premiado no Concurso de Contos e Poemas Manoel Bandeira, do Centro Acadêmico de Letras (UFS), em 1997; e nos Concursos Literários, Santo Souza de Poesia, de 2003; e Núbia Marques de Contos, de 2004, da Secretaria de Estado da Cultura do Governo de Sergipe. Possui textos em poesia e prosa publicados em vários cadernos e suplementos literários pelo Brasil afora.

Filho de pai agricultor e mãe dona de casa, passou a infância entre a escola, as brincadeiras de rua e o trabalho na roça, no período de inverno chuvosos. Entre as brincadeiras favoritas estão as peladas na rua de paralelepípedo ou o andar de cavalo de pau. “Vem daí a inspiração para o poema ‘Cavalo de Pau’, que faz parte do livro”, disse Pippio.

O primeiro contato com os livros se deu através dos didáticos e paradidáticos, que eram distribuídos nas escolas em que estudou. Foram livros de Comunicação e Expressão dessa época que o apresentaram ao romancista Graciliano Ramos e ao poeta Manoel Bandeira. “Eu quis ser poeta para também ir embora para Pasárgada! Na minha infância sonhava com um lugar como Pasárgada. E acho que sonho até hoje”, relatou o poeta.


Em 1995, Francisco Pippio ingressou na universidade pública, cursando Ciências Sociais na UFS. Nessa época ele conheceu as obras de dois grandes prosadores, os sergipanos Antônio Carlos Viana e Francisco J. C. Dantas. Foi nessa época, também, que teve contato com a poesia de Manoel de Barros. “Não sei como vivi tanto tempo sem a poesia de Manoel de Barros”, diz.