24/05/2022 as 11:19

MÚSICA

Corações em frangalhos conscientes

A Banda Dos Corações Partidos mantém a “Síndrome do Coração Partido”, mostrando que “Passou” e existem sim “Novas Rotas”

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A banda já entrega no nome o que leva para o palco em letra e sonoridade, sendo o segundo disco uma coletânea de “Canções de Ódio, Ressentimento e Abandono”, que brada a consciência de livramentos afetivos com “feats” dançantes, numa libertação de sentimentos furiosos. A Banda Dos Corações Partidos mantém a “Síndrome do Coração Partido”, mostrando que “Passou” e existem sim “Novas Rotas”.

Num espetáculo musical, o disco com 12 faixas tem início, meio e fim como as relações que partem corações. “São canções que trazem à tona toda essa relação que a gente tem com o amor, esse amor romantizado e alienado. O disco faz a gente pensar, refletir sobre esse tipo de amor que a anda alimentando, desses relacionamentos tóxicos e que a gente quer dar um basta. Elas vão para esse lugar de reflexão de muita visceralidade, de entrega, de verdade”, destacou a vocalista Diane Veloso, que mantém no sotaque arraigado a transparência do grito-alívio furioso. Nessa nova “fase da fossa”, ela destaca a consciência de “Que Amor é Esse?” em tempos de entregas furtivas e repleta de toxinas cotidianas, suavizadas pelo desejo romântico de uma vida a dois. “É a fase que cai em si, cai na realidade mesmo sofrendo, mesmo ainda querendo vivenciar esse tipo de amor por várias questões.

Mas cai a ficha e tem a reação, a revolta, a dor com a revolta e a tomada com consciência”, disse. Nas participações sonoras, a cantora Taia faz o feat na canção “Gritou”, de autoria do compositor, historiador e poeta Maycol Mundoka. Ainda tem Quésia Sonza em “Quebrei a Cara”, num ritmo dançante e embebido das vezes reais de desilusões amorosas que faz o riso consciente e a diversão garantida. Produzido por Leo Airplane e Alex Sant’Anna, o disco “Canções de Ódio, Ressentimento e Abandono” foi gravado no ano passado, sendo contemplado com recursos da Lei Aldir Blanc, através de edital da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap). “A gente tinha expectativa desse novo disco, porém não sabia o que seria, mas é crias da pandemia, pois foi todo produzido, experimentado na pandemia.

E foi nesse cenário que gente vem vivendo, essa onda conservadora, essa onda violenta que a gente vem sofrendo não só artisticamente, mas toda a humanidade. A gente vem sofrendo com esse inominável no poder e isso abala todo tipo de relação, abala questões sociais. Nós somos seres humanos, mulheres, indígenas e tem sofrido muito e envolve tudo isso, fatos e vivências”, falou Diane Veloso.

|Por Gilmara Costa
||Foto: Divulgação