29/09/2025 as 17:47
PRIMEVERA DOS MUSEUS/POLÊMICAMas dois integrantes deixam o grupo. Emmanuel Vasconcelos pede desculpas por falas em concerto no Memorial de Sergipe; Yasmyn Bonifacio e Alexandre Azevedo anunciam desligamento
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O episódio envolvendo declarações polêmicas feitas por Emmanuel Vasconcelos Serra, diretor artístico e fundador do grupo Renantique, durante a 19ª Primavera dos Museus, no Memorial de Sergipe, continua repercutindo. Nesta segunda-feira, 29, Emmanuel publicou uma nota de retratação, reconhecendo que suas falas podem ter soado ofensivas a docentes e estudantes presentes no concerto realizado no dia 25 de setembro.
Arquivo pessoalArquivo pessoal
“Entendo que minhas palavras podem ter soado ofensivas e degradantes a alguns ouvidos, em especial dos docentes e alunos que estavam presentes. (...) Deixo aqui registrado, mais uma vez, meu lamento, meu pesar e meu pedido de desculpas a quem se sentiu ofendido”, escreveu o músico. Emmanuel afirmou ainda que muitas de suas falas foram descontextualizadas e rejeitou adjetivos como “racista, fascista, etarista e negacionista”, atribuídos a ele após o episódio.
Apesar da retratação, o clima de crise interna se intensificou dentro do grupo. Dois integrantes anunciaram oficialmente o desligamento do Renantique.
A vocalista Yasmyn Bonifacio declarou que não compartilha das opiniões emitidas por Emmanuel e que suas falas foram “ofensivas, desrespeitosas e totalmente contrárias aos valores que defende”. Ela classificou a situação como constrangedora e comunicou sua saída do grupo para seguir carreira independente.
Já o professor e músico Alexandre Azevedo também anunciou sua saída, lamentando que a postura de Emmanuel tenha causado a impressão de que todos os integrantes compactuavam com suas opiniões. “Por diversas vezes, o advertimos a se ater ao conteúdo musical, histórico e pedagógico em seus comentários. (...) Após o concerto, cuidamos de pedir desculpas a todas as pessoas com quem tivemos contato”, escreveu.
O episódio ocorreu diante de cerca de 40 estudantes da rede pública e foi denunciado por uma professora que acompanhava o grupo. Em seu relato, Emmanuel negou a existência do racismo estrutural no Brasil, criticou a educação pública, fez declarações negacionistas sobre a pandemia e ironizou a condição socioeconômica dos alunos, o que gerou forte indignação entre os presentes.
As falas foram repudiadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica de Sergipe (Sintese), que classificou a apresentação como um “Concerto de Horrores” e cobrou providências de órgãos como a Secretaria de Estado da Educação e o Ministério Público.
Já o Memorial de Sergipe afirmou que as declarações têm caráter pessoal e não refletem a posição da instituição, que reforçou seu compromisso com o respeito, a memória e a cultura.