04/09/2018 as 17:24

Economia

Novo salário não chega nem perto do ideal

A avaliação é do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese), Luis Moura.

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Novo salário não chega nem perto do idealFoto: André Moreira/Equipe JC

O salário mínimo anunciado pelo Governo Federal para 2019, de R$ 1.006, não chega nem perto do salário ideal para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, que seria de cerca de R$ 3,5 mil ao mês, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese). Vale lembrar que este será o último ano da política de valorização do salário mínimo, assim caberá aos políticos da próxima gestão aprovarem uma nova lei para que a política tenha continuidade.

“O valor do salário mínimo deveria ser quase quatro vezes maior que o valor atual. Mas o valor divulgado pelo governo de R$ 1.006 é para atender a estimativa do orçamento da União. O governo tem que estimar qual será o salário do ano que vem, como base na política de valorização do salário mínimo, que deve ser estipulado com base na inflação de janeiro a dezembro do ano interior mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017. Como o PIB de 2017 não teve crescimento, na prática será apenas a inflação, não terá aumento real, isso porque o governo está enviando ao Congresso essa estimativa, mesmo assim será menor que o mínimo previsto na Constituição”, explicou economista do Dieese, Luis Moura.

O economista informa ainda que cada um real de aumento do salário mínimo significa um impacto de cerca de R$ 200 milhões na economia. O aumento não será muito, sairá de R$ 954 para R$ 1.006, um aumento de R$ 52. “Não é muita coisa, mas vai significar a atualização monetária do valor vigente hoje. Nos últimos meses, a cesta básica não teve aumentos significativos. Manteve-se com o preço comportado; houve um aumento por conta da greve dos caminhoneiros, mas foi regularizado. Os itens básicos tiveram aumento de cerca de 4% e deve se manter até o final do ano”, disse.

Moura diz que um ponto a ser destacado é sobre a política de valorização do salário mínimo que termina o ano que vem. “A partir do ano que vem não está garantida a inclusão da inflação e do PIB na conta do salário mínimo. Por isso, é bom os trabalhadores prestarem atenção nas propostas dos candidatos a respeito desse quesito. Uma nova lei terá que ser enviada ao Congresso prevendo essa valorização. Se isso não acontecer, não haverá garantia de reajuste, o que será muito ruim para o trabalhador”, completou.

Por fim, Luis Moura lembrou que em Sergipe cerca de 60% dos ocupados ganham até um salário mínimo, mas infelizmente existem pessoas que ganham menos que isso. “O mínimo é uma remuneração importante, que movimenta o comércio dos pequenos municípios de Sergipe. É no momento do recebimento das aposentadorias rurais que o comércio dos municípios sergipanos tem aumento de vendas”, acrescentou.