18/09/2025 as 18:05

EDUCAÇÃO/ESPORTES

Escolas de Esportes do Estado incentivam prática esportiva

Mais de mil alunos estão matriculados nas unidades que têm como objetivo democratizar o acesso à prática esportiva, incentivando a formação de jovens atletas e o desenvolvimento de habilidades motoras, disciplina e espírito de equipe

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Adrian Silva tem 12 anos e, há cerca de 6 meses, conseguiu aperfeiçoar o nado durante as aulas da Escola de Esportes Oséias de Miranda. Diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 1, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC) e dislexia, ele tem encontrado na unidade esportiva do Governo do Estado, coordenada pelas secretarias de Estado do Esporte e Lazer (Seel) e da Educação (Seed), o incentivo necessário para evoluir, tanto no esporte quanto em sua rotina fora dos muros da escola. Ele é um dos mais de mil alunos que, atualmente, estão matriculados em escolas de esportes do estado. 
 
Com uma ampla oferta de modalidades esportivas, os polos das Escolas de Esportes do Estado estão distribuídos nos bairros Santos Dumont (Escola de Esporte Gerivaldo Garcia), Santa Maria (Escola de Esporte Professor Kardec) e Getúlio Vargas (Parque Aquático Oséias Dias de Miranda), e têm como objetivo democratizar o acesso à prática esportiva, incentivando a formação de jovens atletas e o desenvolvimento de habilidades motoras, disciplina e espírito de equipe. As unidades, atualmente, atendem a mais de mil estudantes, entre 7 e 17 anos. As inscrições ocorrem, geralmente, no mesmo período das matrículas da rede pública estadual de ensino regular.
 
Para Adrian, a escola de esportes representa um espaço de aprendizagem e acolhimento. “As aulas são muito legais, estou aprendendo mais e fazendo amizades. Os professores também são ótimos”, conta o estudante, que é acompanhado nas aulas pela mãe, Givanilde Carvalho, de 43 anos, que destaca os benefícios para o pequeno. “Ele se desenvolveu muito no nado, está bem melhor e menos agitado, e se concentra melhor na escola, também. Ter esse espaço aqui ajuda bastante, especialmente a gente que é de baixa renda, por aqui ser gratuito”, revela a pescadora, que reside no bairro Soledade, na capital sergipana. 
 
A secretária de Estado do Esporte e Lazer, Mariana Dantas, destaca que as escolas de esportes são espaços para que as crianças desenvolvam habilidades e possam ter mais oportunidades por meio da prática esportiva. “Temos muito orgulho porque é um programa que acontece o ano todo. E a gente vê a transformação acontecendo dia a dia, e as conquistas desses meninos e meninas, fruto do esforço que eles têm. Fazemos esse investimento de material e de infraestrutura por acreditar no potencial dos nossos jovens”, ressalta. Ela destaca, também, a qualidade da estrutura das unidades. “As escolas contam com quadras poliesportivas cobertas, galpões e até salas de estudos, porque o estímulo aos estudos também é prioridade”, reforça. 
 
Os quatro polos esportivos disponibilizam desde esportes de combate, paradesporto, até práticas aquáticas e de ginástica. Entre as modalidades estão: judô, jiu-jitsu, ginástica rítmica, ginástica artística, voleibol, futsal, futebol, tiro com arco, tênis de mesa, atletismo, paratletismo, badminton, parabadminton, polo aquático, natação e paranatação.
 
Oportunidade de desenvolvimento
No Parque Aquático Oséias Dias de Miranda, são ofertadas atividades esportivas de natação, paranatação e polo aquático, assim como a bocha. Para o professor Ivan Secundo, o trabalho desenvolvido na escola de esportes vai muito além do aspecto motor. Ele destaca a importância do acompanhamento psicológico, principalmente com crianças com deficiência ou com transtornos do espectro autista, que, muitas vezes, chegam com baixa autoestima e sem acreditar em si mesmas. “Nosso trabalho é fazer com que elas acreditem no próprio potencial e evoluam como pessoas e atletas”, afirma. 
 
Muitos alunos iniciam sem saber nadar e acabam se destacando em competições nacionais, como o aluno Rafael Pereira, que foi convocado para a Paralimpíada Escolar, após atingir o índice exigido. “Sem esse projeto, a vida de muitas dessas crianças seria muito mais difícil. É um trabalho de base essencial, que precisa continuar e se ampliar cada vez mais”, completa.
 
O aluno Rafael Pereira tem 13 anos e tem deficiência visual total. Morador do bairro São Conrado, em Aracaju, ele pratica natação na Oséias Dias de Miranda há cerca de dois anos. Ele explica que a atividade tem sido fundamental para seu desenvolvimento. “Participo de competições, vou competir em São Paulo neste ano. Quero ser atleta e ajudar minha mãe. Treino duas horas todas as terças, quartas, quintas e sextas-feiras”, informa. 
 
Esporte transforma realidades
Na Escola de Esporte Gerivaldo Garcia, são disponibilizadas as práticas de jiu-jitsu, judô, ginástica rítmica e artística, futebol, futsal, vôlei e tiro com arco. O professor de Judô Francisco Igor de Oliveira Mangueira explica que os ensinamentos promovidos nas práticas esportivas transformam a vida dos jovens. “O judô tem como característica básica a educação. A gente tem desde a disciplina, o raciocínio, porque na luta o atleta tem que resolver problemas rapidamente em termos da dinâmica, o que desenvolve o lado intelectual e, ao mesmo tempo, desenvolve o físico”, relata. 
 
Entre os alunos da modalidade na unidade, dois já recebem o Bolsa Atleta Estadual: Anthony Almeida e Caio Bispo. “Esses dois alunos começaram aqui e já estão disputando campeonatos em nível estadual, regional e brasileiro. Eles começam a desenvolver essa prática e observar que há um mundo fora da dimensão do bairro”, avalia o professor. 
 
Caio Bispo tem 14 anos e pratica judô há seis anos na escola. O aluno já coleciona algumas conquistas. “A escola de esportes trouxe várias oportunidades para mim, fui terceiro no Campeonato Sergipano, neste ano, fui segundo na Copa Aracaju, em 2002, e consegui o Bolsa Atleta Estadual. O esporte também ajudou a melhorar minha disciplina e o meu foco nas atividades”, conta o atleta, que é morador do bairro Guajará, em Nossa Senhora do Socorro, e aluno do Colégio Estadual Olavo Bilac. 
 
Destaque no tiro com arco, Ellen Gabrielly dos Santos, de 17 anos, frequenta a Escola de Esporte Gerivaldo Garcia desde os 10 anos. Após praticar por anos a ginástica rítmica, há três resolveu se dedicar à nova modalidade, na qual descobriu um talento. “Comecei a fazer o arco e me apaixonei. Ganhei três Jogos da Primavera seguidos e já fui selecionada para passar um tempo em uma clínica de aprendizagem do tiro com arco no Rio de Janeiro, após me destacar nos Jogos da Juventude. Para mim, a escola de esportes me ajudou a ter um objetivo, focar no que quero e controlar a ansiedade”, resume a moradora do bairro Dom Luciano e estudante do Colégio Estadual Ivo do Prado. 
 
Mais disciplina
Na Escola de Esporte Professor Kardec, são disponibilizadas aulas de jiu-jitsu, judô, ginástica rítmica e tênis de mesa. Moradora da região, Elízia Gabrielly Soares, de 10 anos, pratica ginástica rítmica na escola de esportes há um ano e meio. Ela destaca que o esporte trouxe muitas oportunidades e mudanças positivas para sua vida, especialmente em relação à disciplina e ao cuidado com a saúde. “O esporte me ensinou a ter mais foco, tanto na ginástica quanto na minha alimentação e nos meus alongamentos. O esporte traz muitas oportunidades na minha vida”, afirma.
 
A professora de ginástica rítmica Bárbara Maia ressalta a importância do esporte como uma porta de entrada para muitas meninas que não têm outras oportunidades de prática esportiva. “A ginástica rítmica transforma vidas, ajudando as meninas a descobrirem talentos, desenvolverem disciplina, compromisso e trabalho em equipe”, afirma a professora, que enfatiza, também, o acolhimento que o projeto oferece, reforçando o impacto social e emocional para as alunas. “A ginástica rítmica, além de favorecer a evolução do corpo, colaborando com a memória muscular, oferece a interação, o trabalho em conjunto que é levado para a vida adulta e ensina a se superarem em sua capacidade”, pontua. 
 
Gustavo Luiz da Silva, de 11 anos, também mora no bairro Santa Maria, pratica jiu-jitsu há quatro anos na escola de esportes e já conquistou 14 medalhas em competições locais. O jovem valoriza as amizades que fez e o aprendizado que o esporte trouxe para sua vida. “Minha saúde melhorou, emagreci e meu comportamento com as pessoas também melhorou, passei a interagir mais com as pessoas, fazendo muitos amigos. Quero ser um grande atleta e dar orgulho para minha família”, almeja o jovem.