30/09/2024 as 10:58

ENTREVISTA

Valter Joviniano fala sobre lançamento do livro

Na última sexta-feira, 27 de setembro, na Galeria de Arte Mario Britto, recebeu amigos, familiares, autoridades e intelectuais para mais uma linda conquista: o lançamento do primeiro livro da carreira, intitulado “Sempre às sextas – escritos de um reitor negro”.

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Soteropolitano, o professor doutor Valter Joviniano de Santana Filho vive na capital sergipana há 25 anos, mas nos anos de 2021 e 2022 tornou-se, de fato e de direito, cidadão sergipano e aracajuano, respectivamente, ao receber os títulos da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores. Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) desde 2009, também é pesquisador científico com atuação nas linhas de pesquisa “Regulação cardiocirculatória – modelos de hipertensão” e “Mechanisms of baroreceptor activation and factors determining sympathetic nerve activity in normal and pathologic states including hypertension, atherosclerosis and aging”. Em 2021 galgou dois feitos inéditos de uma só vez: foi o primeiro negro eleito reitor da UFS, e o mais novo a assumir o cargo, à época com 40 anos de idade. Na última sexta-feira, 27 de setembro, na Galeria de Arte Mario Britto, recebeu amigos, familiares, autoridades e intelectuais para mais uma linda conquista: o lançamento do primeiro livro da carreira, intitulado “Sempre às sextas – escritos de um reitor negro”. 

JC SOCIAL – Para começar, conte para nós um pouco de quem é o professor doutor Valter Joviniano?

VALTER JOVINIANO DE SANTANA FILHO - Sou graduado em Fisioterapia pela Universidade Tiradentes, doutor e mestre em Fisiologia pela Universidade de São Paulo (USP). Estou na UFS desde 2009, sou professor do Departamento de Fisioterapia, atuando também como professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Instituição, e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, do qual sou um dos fundadores. Integrei a equipe diretiva do Campus de Lagarto, onde fui Diretor Acadêmico Pedagógico e Diretor Administrativo. Atuei como assessor do gabinete do Reitor da UFS de 2013 a 2015, ano em que voltei a Lagarto para ser o Superintendente do Hospital Universitário (HUL). Em 2019 assumi a vice-reitora da UFS, e em 2020, com o surgimento da pandemia do novo coronavírus, coordenei o Comitê de Prevenção e Redução de Riscos frente à infecção pelo vírus. Em 2021, através de eleição, assumi o cargo de Reitor da Universidade Federal de Sergipe.

 

JC SOCIAL - Por que escrever o livro?

VJSF – Na verdade, a ideia do livro surgiu cerca de dois anos depois que assumi o cargo de reitor, e o objetivo era lançá-lo no ano passado, no contexto das celebrações pelos 55 anos da UFS. Porém, devido a questões editoriais e a demandas que tomaram mais tempo do que eu esperava, infelizmente não foi possível fazer essa homenagem à Universidade naquele momento, mas estamos fazendo agora, pois acima de tudo, o livro mostra a importância da UFS para o desenvolvimento socioeconômico do nosso querido Sergipe.

 

JC SOCIAL – Do que trata o “Sempre às sextas”?

VJSF –  É uma coletânea, um livro que reúne 55 textos. Eles foram publicados entre março de 2021, quando assumi a reitoria da Universidade Federal de Sergipe, e dezembro de 2023. As motivações e os veículos onde foram publicados os textos variam um pouco. Alguns escritos nasceram como discursos para solenidades específicas, enquanto outros foram concebidos, originalmente, para jornais e para a coluna eletrônica que assumi no começo de 2023, a partir da provocação do jornalista Jozailto Lima, de que eu poderia, a cada semana, prestar contas das minhas ações como reitor à frente da UFS para um público mais amplo. E da junção de alguns discursos e dos artigos escritos, foi que nasceu o Sempre às Sextas, e esse dia da semana foi o escolhido para o título porque a sexta era o dia em que os artigos escritos para a coluna eletrônica eram publicados. O livro está organizado em quatro partes: UFS 55 anos, Cidadania, Perspectivas e Homenagens.

 

JC SOCIAL – Poderia nos dar spoiler dessas partes?

VJSF –  Claro que sim! Em “UFS 55 anos” estão reunidos discursos e artigos dedicados a personagens e instituições valiosas para a Universidade, destacando aqueles que marcaram a trajetória da Instituição. Em “Cidadania”, estão temas ocorridos na sociedade e que merecem uma atenção, uma reflexão da coletividade, como questões ligadas ao etarismo, ao meio ambiente, e ações afirmativas. Já na parte intitulada “Perspectivas”, abordamos projetos da UFS que atuaram e atuam como transformadores da realidade social, a exemplo da expansão da Instituição para mais municípios sergipanos, e da importância dos Centros da UFS para a formação profissional e cidadã da população. E na última parte, “Homenagens”, estão principalmente escritos sobre a entrega de títulos de doutor Honoris Causa a personalidades importantes para o estado, e textos sobre personagens que marcaram a  intelectualidade brasileira.

 

JC SOCIAL – Por que citar a frase “And no matter what you want to do with your life I guarantee that you’ll need an education to do it” de Barack Obama, que traduzida para o português seria “E não importa o que você queira fazer da sua vida, eu garanto que você precisará de educação para isso”?

VJSF - A educação é a base para mudar a realidade de qualquer nação. Tive a oportunidade de assistir a um discurso de Barack Obama quando morava nos Estados Unidos. Na época, ele estava concorrendo à presidência pela primeira vez. Fiquei impressionado com a força das palavras dele e o empenho em dialogar quando se tornou presidente. É claro que o fato de ser um jovem político, um homem negro, mas também alguém que teve uma trajetória acadêmica, me chamou atenção. A fé dele na educação é um sentimento que compartilho. Acho que é algo que aparece em outros ícones, a exemplo de Nelson Mandela. Acredito no poder transformador da educação, acho que professores, não importa em qual esfera de atuação, trabalham para transformar vidas. De certa forma, penso que todos os textos do meu livro acabam tocando nisso: na força da educação, em apontar o quanto ela é necessária para mudar o nosso país.