28/04/2025 as 10:52
ENTREVISTAA mostra propõe uma imersão no detalhe, na simbologia e na força do que, à primeira vista, pode parecer mínimo, mas que carrega camadas de significado e profundidade poética.
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MICHEL DE OLIVEIRA - ESCRITOR E ARTISTA VISUAL
Até o dia 15 de maio estão abertas as inscrições para a exposição ‘Mais Menor’, que convida artistas de Sergipe a refletir sobre a potência do pequeno formato nas artes visuais. A mostra propõe uma imersão no detalhe, na simbologia e na força do que, à primeira vista, pode parecer mínimo, mas que carrega camadas de significado e profundidade poética. Com a curadoria de Michel de Oliveira, escritor e artista visual sergipano, o projeto conta com o apoio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), por meio da Lei Paulo Gustavo. E é sobre essa iniciativa de fomento arte sergipana que ele conversou com o JC Social! Boa leitura!
JCSOCIAL – O que é o projeto 'mais menor'?
MICHEL DE OLIVEIRA - ‘Mais Menor’ é uma exposição dedicada a pensar a potência do pequeno. A proposta é reunir obras em pequeno formato que, apesar das dimensões reduzidas, carregam densidade simbólica, poética e conceitual. É também uma provocação: e se olhássemos com mais atenção para o que tende a ser ignorado? Os detalhes? Aquilo que tentam esconder? As belezas sutis?
JCSOCIAL - E como surgiu essa ideia?
MO - Somos o menor estado, mas temos muitas riquezas naturais, culturais e históricas. Então, a exposição nasceu dessa ideia de explorar a grandeza do pequeno, de mostrar a potência dos detalhes que podem passar despercebidos. Assim, decidi materializar essa ideia como uma convocatória de obras em pequenos formatos para os artistas sergipanos.
JCSOCIAL Quem pode participar dessa exposição?
MO - Artistas visuais residentes em qualquer município de Sergipe. A convocatória contempla múltiplas linguagens, e o único critério técnico é que a obra respeite o limite de 20 centímetros em seu maior lado. As inscrições estão abertas até o dia 15 de maio, no formulário online disponível no meu perfil no Instagram (@micheldoliveira).
JCSOCIAL A diversidade de linguagens também é uma marca do projeto para dar visibilidade plural da arte no estado?
MO - A curadoria, que será realizada por mim em parceria com a artista visual e pesquisadora Renata Voss, propõe um espaço que abrace a pluralidade de técnicas e processos. A exposição busca refletir a multiplicidade de práticas e narrativas visuais que coexistem em Sergipe. O projeto propõe um espaço onde diferentes modos de fazer arte possam emergir em sua singularidade. Essa diversidade não é apenas formal; ela revela as distintas experiências, percursos e referências que compõem o cenário artístico local.
JCSOCIAL - Essa iniciativa fomenta a produção cultural e também desperta o olhar para novos talentos?
MO - A convocatória reserva vagas para artistas iniciantes, o que é uma forma de abrir caminhos e oferecer uma primeira oportunidade de inserção no circuito das artes. É uma maneira de mapear a cena, reconhecer as práticas emergentes e incentivar o desenvolvimento de trajetórias que ainda estejam em seus primeiros passos.
JCSOCIAL O projeto busca também aproximar os sergipanos da arte?
MO - Sim, principalmente ao propor uma escala que se aproxima da intimidade. Ao convidar o público a olhar com atenção para obras pequenas, o projeto também convida a uma escuta mais sensível, menos acelerada. Essa relação mais próxima pode despertar um outro tipo de conexão com a arte, mais direta e menos mediada por filtros institucionalizados.
JCSOCIAL Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, a exposição Mais Menor busca projetar Sergipe pela sua pequena dimensão territorial e produção artística?
MO - A Lei Paulo Gustavo tornou possível a concretização de uma ideia que já vinha sendo maturada há algum tempo. O projeto não busca apenas projetar Sergipe, mas tensionar a ideia de centralidade e propor outras formas de leitura sobre relevância. Ao deslocar o foco para o pequeno, para o detalhe, também se propõe um deslocamento simbólico, uma nova forma de olhar para o lugar onde estamos.