26/05/2025 as 08:39

ENTREVISTA

Roberta Campos fala sobre novo show e sua carreira

A voz suave e ao mesmo tempo marcante faz dela uma das artistas mais lembradas quando nos referimos às cantoras surgidas nas últimas duas décadas.

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A voz suave e ao mesmo tempo marcante faz dela uma das artistas mais lembradas quando nos referimos às cantoras surgidas nas últimas duas décadas. Em sua quarta passagem pela capital sergipana, a mineira Roberta Campos faz o seu terceiro show solo, às 21h deste sábado, dia 24, no Teatro Atheneu. Coisas de viver traz canções do seu último trabalho homônimo, mas também passeia pelo repertório da carreira, sendo algumas delas lembradas pelo público ao som dos primeiros acordes. Com quase 20 anos de estrada musical, Roberta demonstrou maturidade desde o primeiro trabalho ‘Para aquelas perguntas tortas’. Lançado em 2008 de forma independente, o álbum indiciava que surgia um bom nome na MPB, fato que se consolidou a cada novo projeto lançado, sobretudo pelos hits executados em todo o país. Nesse pequeno bate papo ela fala sobre o novo show e um pouco da trajetória. Foto:  Lucas Seixas.

JCSOCIAL: O QUE O PÚBLICO SERGIPANO PODE ESPERAR DESSE NOVO SHOW?
ROBERTA CAMPOS:
 Está emocionante, afetivo! Tenho recebido uma resposta muito positiva. Canto canções do disco novo, ‘Coisa De Viver’, mas faço um passeio pela minha carreira. Tem canções que não podem faltar, a exemplo de ‘Minha felicidade’, ‘De janeiro a janeiro’, ‘Minha Felicidade’, ‘Miragem’, ‘Começa Tudo Outra Vez’, ‘Casinha Branca’, mas também trago surpresas. É um show de voz e violão, me sinto muito próxima do meu público, como se eles estivessem no palco comigo. É um show reflexivo, mas além de tudo, muito feliz!

JC SOCIAL: SEU ÚLTIMO TRABALHO ESTÁ MAIS VOLTADO AO FOLK, UM GÊNERO NÃO MUITO EXECUTADO NO PAÍS. DE ONDE VEM A SUA RELAÇÃO COM ESSE ESTILO?
ROBERTA CAMPOS:
 Eu ouvi muito Joni Mitchell, Joan Baez, Bob Dylan, Nick Drake, sobretudo, venho de Minas Gerais, cresci ouvindo música sertaneja através dos meus avós, meus tios, meu pai. Lembro de tocar muito no rádio Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Renato Teixeira, Irmãs Galvão e outros, com certeza tenho de alguma forma essa influência também. O folk é muito o que você escreve, a sua relação com o tempo, a natureza, é uma canção mais descritiva, minhas músicas são assim. Além de tudo, o violão de aço que eu toco desde os 11 anos de idade. Não fiz aquele trajeto que todo mundo faz, aprender no violão de nylon e depois ir para o de aço, eu fui direto e nunca desgrudei do meu instrumento.

JC SOCIAL: NOS ÚLTIMOS ANOS VOCÊ TEM REALIZADO PARCERIAS COM ARTISTAS QUE PRIMAM PELA ORIGINALIDADE, A EXEMPLO DE NATIRUTS, ZÉLIA DUNCAN. GEORGE ISRAEL. COMO SURGEM ESSES ENCONTROS?
ROBERTA CAMPOS:
 Esses encontros são muito naturais, acontecem pela afinidade. A composição é algo muito pessoal para mim, eu aprendi a compor para falar comigo mesma, me expressar com o mundo, então preciso ter alguma relação que me liga mais à pessoa que faço parcerias musicais ou até mesmo canto junto. Assim aconteceu e acontece com todos os meus parceiros. E tudo vem no tempo certo, às vezes estou fazendo uma canção e já estou em mente de fazer uma canção com aquela pessoa, o caminho já está aberto, só fazemos acontecer.

JC SOCIAL: EM MENOS DE DUAS DÉCADAS DE CARREIRA PROFISSIONAL VOCÊ JÁ EMPLACOU MAIS DE 20 CANÇÕES EM TRILHAS DE NOVELAS, ACREDITA QUE ESSE TIPO DE ENTRETENIMENTO AINDA IMPULSIONA A POPULARIZAÇÃO DOS ARTISTAS MESMO COM A AUDIÊNCIA DO GÊNERO INFERIOR A DE ALGUNS ANOS ATRÁS?
ROBERTA CAMPOS:
 Com certeza. Não tão forte como antigamente, mas sempre que juntamos duas ou mais artes, tudo fica muito mais forte. Além de canções para novelas, também tenho feito músicas para filmes, series. Eu gosto muito, me aguça a criatividade ler um roteiro, assistir uma cena. Espero trabalhar bastante nos próximos tempos com esse tipo de produção também.

JC SOCIAL: COMO É A SUA RELAÇÃO COM AS MÍDIAS SOCIAIS? VOCÊ INTERAGE COM FREQUÊNCIA?
ROBERTA CAMPOS:
 Interajo bastante. Eu gosto de ter essa troca com meu público. Confesso que não fico muito tempo nas redes, mas sempre tiro um tempo para cuidar delas, ver o que as pessoas estão falando, responder meus fãs, fazer meus posts. Acho importante e me faz bem ter um tempo comigo, fazer coisas fora do mundo online, porém, quero conseguir cada dia mais organizar meu tempo para estar nas redes.

JC SOCIAL: COMO A ROBERTA CAMPOS AVALIA O ATUAL CENÁRIO MUSICAL BRASILEIRO?
ROBERTA CAMPOS:
 Tem muita coisa acontecendo. Muita coisa igual e ruim. Mas procuro sempre me agarrar no bom, no autêntico, visceral e que me emociona. Tem muita gente boa pintando por aí, é só ficar aberto e ter interesse de procurar um pouco, que poderemos ser impactados por artistas muito bons. Esses dias ouvi um menino novo que produziu um disco junto com Marcus Preto, se chama Joaquim. Que menino bom! Compõe muito, toca piano incrivelmente e canta muito bem também. Vejo dias melhores, um espaço melhor e valorizado para MPB, assim como sou otimista e acredito no futuro em um cenário mais democrático para todos os estilos.

JC SOCIAL: TEMOS UMA INFINIDADE DE COMPOSITORES GENIAIS E A CADA DIA SURGEM NOVOS. EMBORA BOA PARTE DO SEU TRABALHO SEJA AUTORAL, VOCÊ PROCURA ABRIR ESPAÇO PARA ELES, GRAVANDO SUAS OBRAS?
ROBERTA CAMPOS:
 Nada impede que alguma composição de outro artista me entusiasme muito a ponto de eu gravá-la. Porém, eu tenho muita música, componho muito e gosto muito de dar vida às minhas próprias criações. Como eu tenho muita música, na verdade eu tenho feito o movimento contrário. Tenho espalhado as minhas músicas para outros artistas gravarem, pois é muito interessante ver a minha obra em outras vozes.

JC SOCIAL: NESSA TURNÊ VOCÊ FOI A LUGARES ONDE NUNCA HAVIA SE APRESENTADO, A EXEMPLO DE MANAUS. COMO FOI A RECEPTIVIDADE?  E NAS CIDADES EM QUE RETORNOU, COMO TEM SIDO O REENCONTRO COM FÃS E INTERAÇÃO COM O NOVO PÚBLICO?
ROBERTA CAMPOS:
 Tem sido muito positivo e emocionante. A conexão com as pessoas está tão forte, como se já nos conhecêssemos e nos encontramos ali para conversar sobre nossa vida, falar de coisas pessoais e importantes para nós. Não consigo ainda te dizer exatamente qual o movimento que tem acontecido, pode ser que me abri mais a isso, consequentemente as pessoas se abrem e a gente se conecta a uma energia maior e tudo se propaga.  Estou feliz, o palco é meu templo, a música é minha paixão, me move para frente sempre.