11/08/2025 as 07:30
SOCIALSeu discurso não busca aplausos, mas sim, um compromisso genuíno com o resgate das raízes e da essência ancestral, longe das conveniências e perto da verdade.
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Uma voz que provoca incômodo — e, por isso mesmo, instiga reflexão. Com uma combinação de sarcasmo inteligente, lucidez e responsabilidade, o empresário e sacerdote Cesar Augusto Queiroz vem desconstruindo visões superficiais sobre ancestralidade, afastando-a do misticismo performático e da estética vazia das redes sociais. Seu discurso não busca aplausos, mas sim, um compromisso genuíno com o resgate das raízes e da essência ancestral, longe das conveniências e perto da verdade. Confira a entrevista:
Foto: Marcel Valvassori
JC SOCIAL - Você ganhou notoriedade nas redes sociais pela forma direta e sarcástica com que responde perguntas sobre ancestralidade. Esse estilo tem aproximado ou afastado o público do tema?
CESAR AUGUSTO QUEIROZ - Tem aproximado. O sarcasmo funciona como um espelho: quem está pronto para se olhar, aprende; quem não está, se ofende e passa. Mas o objetivo nunca foi agradar — e sim provocar pensamento. Ancestralidade não é um tema que se trata com meias palavras ou filtro de Instagram. É sobre verdade, confronto e lucidez. E, pelo visto, tem muita gente com fome disso.
JC SOCIAL - Há poucos dias, você recebeu o título de honoris causa pelo trabalho de desmistificação dos cultos e educação sobre ancestralidade nas redes. O que esse reconhecimento representa para você e sua missão?
CESAR AUGUSTO QUEIROZ - Representa que, mesmo quando o caminho é torto e atravessado, a mensagem certa chega. Esse título não é sobre mim, é sobre o impacto coletivo de falar o que muitos silenciaram por medo, conveniência ou costume. A missão é descolonizar consciências, não criar fãs. Então esse reconhecimento mostra que tem gente acordando.
JC SOCIAL - Qual é, na sua visão, o principal erro ou confusão que as pessoas ainda cometem quando se fala em ancestralidade?
CESAR AUGUSTO QUEIROZ - Confundir ancestralidade com religião ou performance. Ancestralidade não é uma oferenda, um turbante ou um altar. É memória viva, responsabilidade, continuidade. A maioria quer “receber axé”, mas poucos querem entender de onde esse axé vem — e o que ele cobra em troca. Enquanto isso, seguimos explicando o básico: ancestralidade é compromisso, não enfeite.
JC SOCIAL - Em sua última visita a Aracaju, você iniciou sua primeira filha espiritual, que agora conduz uma casa ancestral no estado. Como foi viver esse momento e o que ele representa para sua trajetória?
CESAR AUGUSTO QUEIROZ - Foi simbólico, forte e muito coerente com tudo que venho construindo. Iniciar minha primeira filha espiritual em Aracaju foi como plantar uma semente em terra fértil. A casa ancestral que ela abriu, com minha tutela, é mais um ponto de resistência e retorno às origens. É sobre multiplicar sem perder o eixo. É sobre cuidar da raiz e deixar a copa crescer.
JC SOCIAL - Depois de tantas trocas no ambiente virtual, como tem sido conduzir essas imersões presenciais pelo Brasil? Elas têm surpreendido você de alguma forma?
CESAR AUGUSTO QUEIROZ - Têm me confirmado tudo o que eu já sabia: as pessoas estão sedentas por algo que as reconecte de verdade. O virtual é uma ponte, mas o presencial é o mergulho. A troca ao vivo é mais intensa, mais crua e mais necessária. E sim, me surpreende ver tanta gente disposta a abandonar certezas e encarar suas raízes — porque isso exige coragem. E a coragem anda rara.