01/06/2018 as 15:00

Qual seu estilo de decoração?

Especialistas dão dicas para projetar casas com a personalidade dos clientes

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Você é daquelas pessoas que quando se depara com um espaço para decorar ou redecorar é tomado por sensações controversas? Por um lado, a empolgação de quem está prestes a ver a casa dos sonhos ganhar forma e virar realidade. Por outro, a angústia de não saber bem por onde começar. Como organizar as inúmeras referências? Será que o sofá que você sempre quis ter na sua sala de estar vai funcionar no espaço que você tem sem atrapalhar a circulação? Como acomodar a coleção de discos? E aquele móvel que você herdou da sua avó, mas não sabe como fazer para harmonizar com a pegada contemporânea que tanto agrada você?
Calma! O momento de planejar o décor deve ser prazeroso acima de tudo. Por isso, sem estresse! Assim, alguns arquitetos que estão superacostumados a lidar diariamente com essas questões ensinaram quais são as táticas para ajudar o cliente a organizar as ideias e buscar autenticidade e originalidade nessas etapas iniciais.

                                    

Claro que poder contar com um bom profissional para orientar todos os passos ajuda muito, mas há algumas reflexões e exercícios que são particulares e intransferíveis e vão ajudá-lo a encontrar caminhos para imprimir sua personalidade em cada canto da sua casa.

Como será daqui
a dez anos?
A arquiteta Ieda Korman contou um dos principais desafios: ajudar o cliente a entender os conceitos. Muitas vezes, o cliente chega ao escritório reproduzindo termos que viu na mídia sem saber exatamente o que significam e se refletirão o estilo de vida dele. “Alguns jovens casais chegam pedindo o estilo hippie chic, porque está nas revistas de decoração. Até que ponto isso não é modismo e daqui a dez anos eles vão jogar tudo fora?”, questiona a profissional.
Ela tem toda razão. É importantíssimo se imaginar na casa daqui a cinco ou dez anos, por exemplo. Afinal, é muito investimento de tempo e dinheiro para você descobrir em pouco tempo que o décor da própria coisa o enjoa ou ter a sensação de que ele está obsoleto. A dica é: fuja dos modismos e pense no longo prazo. Antes de querer transpor o estilo minimalista, por exemplo. Para seu décor, entenda bem o conceito e reflita sobre ele. Será que você viveria bem com poucos objetos?

Foto de revista funciona na revista
Mais um mal-entendido comum que costuma prejudicar o décor da casa: nem sempre aquela foto belíssima que se vê na revista ou a composição apaixonante que está em uma exposição funcionará na casa das pessoas no dia a dia. “Os olhares leigos não conseguem entender que a arquitetura vai pensar em aspectos práticos. Como as pessoas vão andar? Como vai funcionar a limpeza?”, avalia Ieda Korman. Mais um ponto muito importante que vale a pena ter em conta.

Nada de cópias
Evite a cópia de peças e a concentração das compras em uma só loja. “É obrigação do arquiteto tentar trazer originalidade para o projeto”. Nada de transformar sua casa em um catálogo de loja, combinado?

Imagens inspiradoras
A arquiteta Ana Veirano, por exemplo, comenta que gosta de trabalhar com uma seleção de imagens que apresenta aos clientes para que eles identifiquem aquelas que mais gostam. As imagens seguem estilos diferentes de décor, mas, como Ana já tem a percepção bastante aguçada, ela, geralmente, nota que há uma unidade naquelas que o cliente aponta como favoritas, seja a iluminação, o uso de cor, a escolha das peças. A partir desses insights, clientes e arquiteto vão alinhando as diretrizes para o projeto. Uma dica boa e simples. Você pode começar agora a montar a sua própria seleção de imagens inspiradoras e identificar os pontos comuns entre elas.

Do que você mais gosta?
Ana Veirano também tocou em um ponto que faz a diferença em qualquer projeto. Ela gosta de apostar nas conversas para descobrir os gostos do cliente fora do universo do décor. “Gosto de saber quais são os hábitos e o que ele gosta de fazer. Isso diz muito sobre a pessoa”, justifica. É bom pensar em questões como: você é prático? Valoriza a estética? Gosta de comprar roupas? Investe em peças de grife? É mais funcional? Que esportes pratica? A que atividades gosta de se dedicar fora do trabalho? Gosta de viagens? É cinéfilo? Colecionador? Todas essas respostas sobre suas preferências e estilo de vida darão indícios dos elementos a serem explorados no décor.

Qual é a sua história?
No trabalho inicial da arquiteta Cris Paola com o cliente, ela destaca explorar a história dele. A especialista explicou que saber de onde ele vem e como são as relações com amigos e familiares, por exemplo, pode ser um caminho de acesso à personalidade do cliente, que deverá estar refletida no décor. Cris ainda compartilha uma curiosidade: é na sala de estar das pessoas que essa história está explícita. “Na sala de estar, a gente conta os nossos segredos mais íntimos sem se dar conta”, diz Cris.